A posição controversa da ExxonMobil sobre as mudanças climáticas voltará ao centro das atenções na quarta-feira, quando os acionistas votarão uma medida apoiada por ambientalistas que exige uma contabilização do risco da política climática.
Durante anos, a gigante do petróleo dos Estados Unidos conteve com sucesso as propostas dos acionistas sobre as mudanças climáticas, mas as medidas estão ganhando impulso e vários investidores institucionais líderes que apoiaram a Exxon anteriormente indicaram que podem romper com esse respaldo desta vez.
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A proposta, apresentada pelo Fundo de Aposentadoria do Estado de Nova York, busca uma avaliação anual do portfólio de ativos da Exxon sob diferentes cenários de políticas, incluindo aqueles que limitam os aumentos de temperatura abaixo de dois graus Celsius e são consistentes com o Acordo de Paris sobre o clima de 2015.
Ambientalistas argumentaram que o portfólio de ativos dominado pelo petróleo da Exxon poderia se tornar não rentável sob políticas climáticas mais duras, e a empresa não analisou minuciosamente esse risco. Eles pedem à Exxon para investir mais em energia renovável e menos em petróleo.
A Exxon ressalta suas colaborações de pesquisa com as principais universidades sobre energia alternativa, ao mesmo tempo em que afirma que o petróleo permanecerá sendo "o principal combustível do mundo até 2040", de acordo com sua declaração de procuração.
A gigante do petróleo disse que já conduz seus próprios testes de resistência (stress tests) sob vários cenários e que seus processos atuais "testam suficientemente o portfólio para garantir o valor do acionista a longo prazo".
Uma proposta de acionistas semelhante falhou no ano passado, mas obteve 38,2% dos votos, um apoio surpreendentemente forte para uma medida contrária à administração.
Os principais investidores institucionais, incluindo BlackRock e Vanguard Group, indicaram que podem apoiar os ambientalistas este ano, de acordo com um artigo do Wall Street Journal.
Votação
A votação da Exxon chega depois de que 67% dos acionistas da empresa de petróleo americana Occidental Petroleum votaram, em 12 de maio, a favor de uma proposta similar. A Chevron, a segunda empresa petroleira dos Estados Unidos, também enfrenta uma votação sobre uma avaliação da política climática na sua reunião anual de acionistas, na quarta-feira.
O procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman, investiga atualmente se a Exxon minimizou conscientemente o risco das mudanças climáticas.
A empresa mudou sua posição nos últimos anos, reconhecendo as mudanças climáticas como um risco que precisa ser mitigado e até mesmo pedindo ao presidente Donald Trump que cumpra o Acordo de Paris.
A companhia fez, porém, pouco para acalmar os ambientalistas, que dizem que a administração deveria estar fazendo mais.
O ex-CEO da Exxon, Rex Tillerson, agora atua como secretário de Estado de Trump.