Em coletiva de imprensa concedida nesta segunda-feira (27), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, alegou que há intervenção política no resultado de irregularidades encontrado pela Polícia Federal na produção de carnes por parte de 21 frigoríficos brasileiros. Pouco mais de uma semana após a deflagração da Operação Carne Fraca, seis frigoríficos já foram interditados no País.
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De acordo com o ministro, das 27 superintendências do Ministério da Agricultura, nas quais foi revelado um esquema entre os servidores federais e produtores de carne, 17 estão sendo comandadas por indicados políticos."Nenhum funcionário assumiu seu posto sem articulação política. Nós agora pedimos a eles que não aceitem o pleito político. Eles agora têm de atender a coisas técnicas e têm responsabilidade com o Ministério da Agricultura", afirmou.
Novo recall
Ainda conforme o ministro, uma espécie de recall foi anunciada nesta segunda-feira (27) para testar a qualidade dos produtos fornecidos pelo frigorífico Peccin. Blairo garantiu que algumas irregularidades ainda foram encontradas na empresa, como a data vencida de produtos e porcentagens irregulares para a produção de alimentos como a salsicha, por exemplo.
A Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça, determinou nesta segunda-feira (27) que a Peccin recolha todas as carnes vendidas que estejam no mercado. O órgão classificou que há risco para o consumo humano dos produtos, o ministro da agricultura negou.
O Ministério da Agricultura ainda anunciou uma intervenção nas superintendências de Minas Gerais e do Paraná. Sem especificar uma data, o ministro atestou que novos interventores serão nomeados para fazer uma varredura nas superintendências desses dois estados.
Exportações para Hong Kong
Mais cedo, por meio de comunicado, o governo brasileiro informou que os governos do Egito e do Chile, importantes parceiros comerciais, decidiram normalizar as importações de carne do Brasil após receberem todos os esclarecimentos e as informações técnicas transmitidas pelas autoridades competentes brasileiras.
Na frente das exportações, a prioridade do governo passou a ser o destravamento das exportações para Hong Kong, o segundo maior mercado para carnes e derivados do País, com compras de US$ 1,5 bilhão em 2016. Na noite desta segunda, de acordo com o ministro, uma videoconferência será realizada com representantes de Hong Kong para novos esclarecimentos sobre a produção brasileira.