A informação de que o governo quer privatizar a Eletrobras, uma das maiores empresas de energia elétrica da América Latina, foi recebida por especialistas do setor como uma boa saída para a estatal. Para o professor da UFRJ, Nivalde de Castro, a decisão de dar um novo rumo à Eletrobras já vinha sendo colocada em prática pelo atual presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr, com a venda da participação da empresa em vários projetos e das distribuidoras. Na avaliação de Castro, o País hoje não tem mais a necessidade de ter uma estatal como a Eletrobras para ser instrumento de política energética.
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O consultor Ricardo Lima, especialista no setor, elogiou a decisão. Na avaliação dele, mesmo no momento de instabilidade política e crise econômica, a venda pulverizada da empresa pode atrair investidores de peso, como fundos de investimentos internacionais. “Menos Estado é positivo e necessário”.
CHESF
O preço da energia vai ficar mais cara com a privatização do Sistema Eletrobras, segundo o especialista do setor elétrico, Antonio Feijó, e o diretor do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco (Sindurb-PE) Fernando Neves. “É um absurdo essa privatização da Eletrobras, sem mostrar um estudo. A empresa privada vai querer aumentar mais ainda o preço da energia. E os consumidores vão pagar duas vezes”, resume Feijó. Ele estava se referindo ao fato de que os investimentos necessários para a implantação da maioria das hidrelétricas da Chesf já foram pagos pelos consumidores brasileiros na conta de energia.
“Hoje, se calcula o preço da energia pelo custo. Com a privatização, a empresa privada vai querer ter mais lucro e não vai aceitar um sistema que cubra apenas o custo de operação e manutenção, como ocorre hoje com a Chesf”, defende Fernando Neves. O Sindurb-PE vai fazer uma audiência pública na quarta-feira às 9 horas para discutir a privatização da Chesf na Câmara de Vereadores do Recife.
A Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel) foi pega de surpresa pelo anúncio. Mesmo assim, começará hoje “a luta contra a venda do patrimônio”, afirmou o diretor da entidade, Emanuel Mendes.