Especialistas no setor de energia ouvidos pelo JC avaliaram como “corajosa”, “necessária” e “inteligente” a decisão do governo Federal de privatizar a Eletrobras. A expectativa é que a redução da participação da União signifique aumento de eficiência e melhora na prestação de serviços. No mercado, a aposta é que não vão faltar investidores interessados nos ativos da maior companhia de energia elétrica da América Latina.
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“Foi a melhor notícia que o Brasil teve desde que Temer tomou posse. A Operação Lava Jato mostrou que os proprietários das estatais são os partidos políticos, mostrando a falência de um modelo. Hoje a agenda positiva é a da privatização, para que o governo possa se ocupar melhor da saúde, educação e segurança. O ministro (de Minas e Energia) teve uma atitude corajosa, pró-mercado e na direção da modernidade”, defende o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
O governo ainda não detalhou o modelo de desestatização, mas são duas as possibilidades: venda do controle para a iniciativa privada ou diminuição da participação do Estado, por meio da venda de ações. Nesse último, a União manterá participação “golden share” no empreendimento, que lhe garantirá poder de veto nas questões consideradas estratégica para o País.
“O governo está dando uma cartada de mestre, oferecendo uma solução inteligente para a Eletrobras. Vai fazer uma oferta primária de ações, ingressando no Novo Mercado e permitindo a entrada de investidores. É o arcabouço legal mais seguro, que vai permitir melhorar a governança e desengessar a empresa, comprometida com alto custo de produção e endividamento”, observa Roseane Santos, advogada especialista na área de Energia, da Martorelli Advogados.
COMPRADORES
Na avaliação da advogada, empresas como EDP, Equatorial, CPFL Energia, Enel e a EDF podem figurar na lista de potenciais compradores. “Acredito que vai ter muito interesse na Eletrobras, assim como aconteceu no processo bem sucedido da Vale e da Embraer”, compara.
Na terça-feira (22) mesmo, o presidente da EDP Energias do Brasil, Miguel Setas, afirmou o interesse em ativos da Eletrobras. “Nós já fomos muito explícitos sobre o interesse em três ativos da companhia (as usinas de São Manoel, Lajeado e Enerpeixe), com as quais temos parceria aqui no Brasil”, diz. O mercado aguarda o detalhamento.