A indústria de doces e chocolates deve ter uma Páscoa menos amarga em 2018. Após dois anos de forte queda nas vendas, a expectativa para este ano é manter o mesmo volume do ano passado ou, no melhor dos cenários, conquistar um pequeno aumento. Entre as razões para apostar nessa virada estão a inflação baixa – de 2,95% em 2017, percentual que os fabricantes estão tentando não repassar –, a decisão de não aumentar a produção em relação a 2017 e a aposta em linhas de produtos com preços mais variados. Além disso, serão lançados 120 novos produtos para ajudar a estimular o bolso e o paladar dos brasileiros até o dia 1º de abril, quando será comemorada a data.
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Ao longo do período que antecedeu a Páscoa de 2017, as filiadas à Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) produziram quase 9 mil toneladas de chocolate, equivalente a 36 milhões de ovos de Páscoa. As empresas, no entanto, sofreram com as devoluções de produtos que os varejistas não conseguiram vender – quase 5% para alguns fabricantes. Por isso, ao considerar o cenário melhor para este ano, a decisão foi apostar na manutenção da produção esperando uma queda significativa nas devoluções.
“Estamos otimistas com um ano melhor. Sabemos que para este ano temos mais potencial de mercado. Os distribuidores e varejistas estão mais otimistas, o consumidor está mais otimista. O Natal foi uma data muito boa para nós, nos animou”, comentou o presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, durante o 28º Salão de Páscoa, evento realizado pela entidade em São Paulo, na última semana, para apresentar as novidades da indústria para a Páscoa.
Durante o período de festas natalinas de 2017, o segmento conquistou um aumento de 6% nas vendas em comparação ao mesmo período de 2016.
Esse resultado mais recente dá fôlego diante dos números ruins das últimas Páscoas. Além das devoluções do varejo, no ano passado, a indústria ainda contou com um volume de produção 38% menor que o de 2016. “Hoje o mercado já entende a mudança de comportamento do consumidor. Antes, eles pensavam na quantidade de ovos que tinham que comprar, para família, amigos, etc. Hoje, determinam um valor e compõem a cesta de acordo com o orçamento”, explicou a gerente de marketing da Garoto, Keila Broedel.
Mas as perspectivas melhores ainda não chegam com a mesma força na geração de empregos temporários. A estimativa do setor é que até a data sejam geradas 23 mil vagas no País, número 5,9% menor que o de 2017, que, por sua vez, foi 15% abaixo do registrado em 2016.
NOVIDADES
A cada ano os fabricantes trazem mais brindes fora dos ovos de Páscoa. “A intenção é deixar mais à mostra para o consumidor o que ele está comprando e, fora dos ovos, os brindes podem ser maiores”, justifica a gerente de chocolates da Arcor, Laís Lemos Colle. A fabricante é uma das que apostam nos fones de ouvido como brindes para atrair o público jovem, que terá atenção especial este ano, além das crianças, claro.
A Cacau Show, que também aposta nos fones, traz ainda o ovo Choco Esportes, com um jogo de dardos, e os ovinhos de chocolate dentro da bolsa da Capricho – o único licenciamento da fabricante. De acordo com a marca, a cada ano os brindes tendem a oferecer uma utilidade. Para as crianças, a empresa traz este ano fantasia de fada com asas e varinha, luva com garras e gorro de personagens que mexem as orelhas.
A franqueadora ainda tem outra aposta: os personagens próprios. Sem recorrer aos licenciamentos de desenhos animados e filmes, a empresa consegue reforçar a própria identidade e ter menos custos com o pagamento dos direitos de uso das imagens.
Para a linha Batom, a Garoto desenvolveu este ano o próprio personagem, uma vaquinha, para reforçar a ideia da quantidade de leite usada no produto. O tema é presente nos formatos que o chocolate será ofertado: no lugar das unidades de coelhinhos de chocolate, as vaquinhas; mini ovinhos são embalados em uma leiteira de metal ou em uma fazendinha de papel.
As linhas gourmet e fitness irão manter seus espaços no mercado para a Páscoa deste ano com mais lançamentos. Para marcar seu aniversário de 90 anos, a Kopenhagen irá produzir 180 unidades de um ovo de 5 quilos. O produto sairá por R$ 1.100 aos consumidores com caixas numeradas a mão por um caligrafista.
A marca ainda lança ovos de 60%, 70% e 80% cacau e na versão amargo com amêndoas. Já a Brasil Cacau traz ovos clássicos ao leite na versão diet e bombons zero lactose. Para quem não tem restrições, a Cacau Show adicionou à linha Dreams Sobremesas o sabor torta holandesa.