O primeiro dia de greve dos funcionários dos Correios foi de baixa adesão. A empresa informou que 87,15% do total de funcionários em todo o País trabalhou, o correspondente a 92.212 empregados. O levantamento foi feito pela manhã desta segunda-feira (12), com base no sistema eletrônico de ponto da estatal. Segundo os Correios, até o momento, a greve está concentrada na área de distribuição e todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram ao movimento, estão abertas e com os serviços sendo oferecidos. No Recife, por exemplo, os funcionários trabalharam normalmente.
O secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, afirmou que, pelas estimativas do movimento, a greve teve a adesão de 25% dos funcionários. "Diante da gravidade do problema da empresa, achamos a adesão muito baixa. Esperávamos que fosse maior", disse. Ele disse que a Fentect, que representa 80 mil dos cerca de 106 mil empregados da estatal, trabalha para aumentar a adesão e não pensa em suspender a greve por enquanto.
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Entre outras reivindicações, a categoria é contrária a mudanças no plano de saúde da empresa, com o pagamento de mensalidades pelos funcionários e a retirada de dependentes dos contratos. Sem sucesso, trabalhadores e empresa tentaram chegar a um acordo sobre a questão no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A proposta do TST é que os funcionários arquem com 25% do valor do plano, incluindo dependentes (cônjuges e filhos). Pais e mães seriam excluídos, considerando um período de transição. De acordo com a Fentect, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a mensalidades acima de R$ 900,00.
Em nota, os Correios afirmaram que a empresa "entende o movimento atual como injustificado e ilegal, pois não houve descumprimento de qualquer cláusula do acordo coletivo de trabalho da categoria". A estatal alega ainda que hoje os custos do plano de saúde dos trabalhadores representam 10% do faturamento dos Correios, ou seja, uma despesa da ordem de R$ 1,8 bilhão ao ano, incluindo o custeio do benefício a empregados, dependentes e cônjuges, também pais e mães dos titulares.
O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que a estatal, palco inaugural do mensalão há dez anos, deve fechar 2017 com prejuízo entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,4 bilhões. O balanço do ano passado ainda não foi divulgado, mas confirmados esses números será o quinto ano consecutivo no vermelho. A estatal também registrou rombos em 2016 (R$ 1,5 bilhão), 2015 (R$ 2,1 bilhão), 2014 (R$ 20 milhões) e 2013 (R$ 312 milhões). Para tentar reverter a crise, além de propor alterações no plano de saúde dos empregados, a estatal fez plano de demissão dos funcionários (PDV) e fechou agências.
A Fentect afirma que a greve também serve para protestar contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a terceirização na área de tratamento, a privatização da empresa, suspensão das férias dos trabalhadores, extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa. A categoria defende ainda a contratação de novos funcionários via concurso público e o fim dos planos de demissão.
Alternativas
Empresas de e-commerce e as de varejo, que contam com a opção de compra online buscam alternativas para não atrasar a entrega dos produtos. Diante da manifestação, o site de comércio eletrônico Netshoes realocou a expedição dos produtos para outros parceiros logísticos e notificou os clientes sobre possível aumento do prazo de entrega. A companhia ressalta que tem trabalhado para reforçar seus parceiros logísticos para reduzir ao máximo este vínculo com os Correios, que tem participação de até 20% do total de remessas entregues pelas lojas virtuais.
Sem sofrer o impacto da mais recente greve dos Correios, a operação de e-commerce da Via Varejo (responsável pelas marcas Casas Bahia, Pontofrio, Extra e Barateiro) conta com 150 transportadoras terceiras.
Consumidor
A Fundação Procon de São Paulo destaca que as pessoas que contrataram os serviços dos Correios, como a entrega de encomendas e documentos, e estes não forem prestados têm direito a ressarcimento ou abatimento do valor pago. Nos casos de danos morais ou materiais pela falta da prestação do serviço, cabe também a indenização por meio da Justiça.
Para o Procon, no caso de o consumidor ter adquirido produtos de empresas que fazem a entrega pelos Correios, essas são responsáveis por encontrar outra forma para que os produtos sejam entregues ao consumidor no prazo contratado.
Além disso, as empresas que enviam cobrança por correspondência postal são obrigadas a oferecer outra forma de pagamento que seja viável ao consumidor, como internet, sede da empresa, depósito bancário, entre outras.
Do lado das obrigações dos consumidores, o Procon-SP alerta que não receber a fatura, boleto bancário ou qualquer outra cobrança não isenta o consumidor de efetuar seu pagamento.