O fortalecimento do dólar no mercado internacional e a cautela do investidor com questões domésticas mantiveram a moeda americana em alta ante o real na maior parte da sessão de negócios desta quarta-feira, 28. Lá fora, pesaram o temor de um aumento de juros mais agressivo nos Estados Unidos, as questões comerciais com a China e ainda a instabilidade causada pelo escândalo envolvendo o Facebook. Internamente, a proximidade do feriado promoveu um aumento da cautela do investidor, que aguarda definições importantes para os próximos dias, como o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Depois de ter superado o patamar dos R$ 3,34, pela manhã a moeda dos EUA acabou por fechar perto da estabilidade no mercado à vista, aos R$ 3,3293 (+0,02%).
As incertezas no cenário dos Estados Unidos continuaram no centro das atenções. Pela manhã, a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos mostrou um crescimento da economia local à taxa anualizada de 2,9% no quarto trimestre de 2017, de acordo com a terceira estimativa do dado. O número veio acima do previsto (2,7%) e representou alta em relação à segunda leitura, de 2,5%. A economia mais forte que o esperado voltou a trazer especulações sobre inflação e o número de aumentos de juros nos Estados Unidos, o que favoreceu a valorização do dólar de maneira geral.
À tarde, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que a inflação está subindo a um ritmo mais rápido que alguns dos principais índices sugerem, dando ao BC espaço para continuar a elevar gradualmente os juros. O discurso como um todo foi considerado de viés "hawkish", o que ampliou a força do dólar. O Dollar Index (DXY), que mede a variação da divisa americana ante uma cesta de moedas fortes, terminou o dia em alta de 0,77%, aos 90,05 pontos. Ainda no cenário externo, estiveram no radar os temores de uma guerra comercial com a China e as incertezas diplomáticas envolvendo a Rússia após o envenenamento de um ex-espião russo na Inglaterra.
"O cenário externo é de mau humor e, internamente, não há nada de positivo. Mesmo a saída de recursos da bolsa era uma espécie de contagem regressiva, que não foi surpresa para ninguém. O que vemos no câmbio é um dólar em processo de ajuste a todas as mudanças, inclusive à redução do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. Mas é um ajuste ordenado, que mostra um mercado realista", disse Hideaki Iha, operador da Fair Corretora.