O sushi já foi uma comida de gente rica. Hoje em dia, felizmente, não é. Há cerca de dez anos poucas pessoas tinham a oportunidade (e o dinheiro) para desfrutar da famosa culinária japonesa. Entretanto, atualmente, vários restaurantes orientais tomaram conta do Grande Recife, entrando de vez na rotina dos pernambucanos. Embora a maioria desses estabelecimentos ainda se localizem em bairros mais nobres, como Boa Viagem e Casa Forte, já existem alguns em regiões mais populares, caso do Karpa de Ouro, na Cidade Universitária.
João Paulo Souto, dono do estabelecimento, é um exemplo de empreendedor que obteve bons resultados nessas áreas. “Fiz a minha própria pesquisa de campo. Ficava sentado em frente à Universidade (UFPE) observando vários estudantes passando. Um dia, percebi que eles queriam comer sushi por aqui e não havia nada por perto. Logo, eles tinham de ir para o outro lado da cidade”, contou. Percebendo isso, ele elaborou um projeto, se informou, e montou uma pequena equipe - de apenas nove pessoas-, para abrir seu próprio restaurante.
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Com apenas um ano de existência, o movimento já estava tão grande e consolidado que exigiu uma mudança de ares. Mas, não foi para longe, apenas para o outro lado da rua. Em janeiro de 2011, abriu o novo Karpa de Ouro, mais moderno, e com três vezes mais funcionários que o primeiro. No estabelecimento, segundo João, apenas o preço continuou igual desde o início: R$ 17,90 o rodízio de sushi.
“Aqui vem gente de todo lugar. Tanto dos bairros mais próximos, a exemplo de Iputinga e Várzea, como dos da zona sul, caso de Boa Viagem”, disse o empresário, ressaltando a diversidade do público no seu estabelecimento.
Com o passar do tempo, ele se surpreendeu com o crescimento rápido do negócio e disse que imagina o mercado de sushi crescendo ainda mais, uma vez que une duas situações favoráveis: “comida sadia e excelente sabor”. Além disso, falou que hoje é mais fácil comprar os produtos (salmão, kani etc) e os equipamentos (facas, tapetes etc), facilitando para os empresários do setor. Em um ano, o Karpa de Ouro passou de quatro mil clientes por mês a 12 mil.
Outros exemplos de restaurantes japoneses em bairros populares são o Oishi Sushi, que fica na Beira Mar de Olinda, e o Oriente Express, na Avenida Gomes Taborda, Cordeiro. No primeiro, o rodízio custa R$ 24 (de segunda a quinta), e no final de semana R$ 28. No segundo, paga-se R$ 24,90.
Ronaldo Sousa, dono do Oriente Express, contou que tem o restaurante há sete anos e que costuma receber muita gente da Torre e Madalena. “A maioria dos meus clientes são jovens do sexo feminino, que se preocupam com uma alimentação saudável e com o peso”, acrescentou.
O OUTRO LADO - Arnaldo Motta, que é sócio do Kojima e do Nakumbuca, lembrou que o crescimento desse setor não é um fator local, mas sim, nacional. “Em São Paulo já existem mais restaurantes japoneses do que churrascarias. No entanto, é importante saber que sushi é uma arte oriental, complicada de aprender. Logo, o pernambucano tem de saber escolher o lugar que vai, pois fatores como a qualidade do peixe, o corte, a espessura e o sushiman são essenciais para uma boa refeição”. Segundo ele, vale mais a pena pagar caro e comer bem, do que ir a um lugar barato e comer mal. No Kojima, o sushi é à la carte e, no Nakumbuca, o rodízio custa R$ 32,90.
Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Pernambuco (Abrasel-PE), Valter Jarocki, para saber acerca do crescimento dos sushis em bairros populares, mas ele disse que “ainda há poucos restaurantes e é muito cedo para diagnosticar se isso é, ou não, uma tendência.”