Infraestrutura

Aeroclube de Pernambuco vai para Itamaracá

Estado cede área de 56 hectares para entidade, que ainda espera indenização da Prefeitura do Recife

Giovanni Sandes
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Giovanni Sandes
Publicado em 10/06/2014 às 0:15
Rodrigo Lôbo/JC Imagem
Estado cede área de 56 hectares para entidade, que ainda espera indenização da Prefeitura do Recife - FOTO: Rodrigo Lôbo/JC Imagem
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O governo estadual cedeu uma área de 56 hectares na Ilha de Itamaracá para a instalação do Aeroclube de Pernambuco – que perdeu a base no Recife, na área do Encanta Moça, no Pina, para a construção da Via Mangue. Por um lado, a ideia é levar movimento novo para a ilha, que sofreu um esvaziamento desde os anos 90. Por outro, a medida resolve uma das pendências geradas pela Via Mangue com o Aeroclube, que ainda cobra uma indenização de R$ 15 milhões da Prefeitura do Recife para usar na construção das novas instalações em Itamaracá.

A ilha já foi referência no veraneio dos recifenses e na prática de esportes náuticos. Mas ao longo das últimas décadas viu suas 16 mil casas ficarem na maior vazias. “O Estado anunciou muitos projetos para a ilha. Mas nenhum saiu”, reclama o prefeito de Itamaracá, Paulo Batista, do PTB, oposição ao PSB, do governo estadual.

O principal projeto era desativar os presídios de Itamaracá, como anunciado em março de 2006 pelo então governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). No governo Eduardo Campos, foi concebida e licitada uma concessão para um novo complexo prisional em Itaquitinga, para 3.126 detentos, que desativaria os presídios da ilha. O grupo à frente do projeto quebrou a 15% de concluir a obra, um nó jurídico que se arrasta há 2 anos. 

“A ilha já tem mais de 4 mil presos, o que supera em 30% a capacidade de Itaquitinga”, diz Gustavo Calheiros, presidente da Associação dos Hoteleiros de Itamaracá (Ahita).

Em paralelo, em setembro de 2008 o governo elaborou um leilão de 2.500 hectares na ilha, para um projeto turístico internacional – de preferência um ecoresort. Mas a crise global e o reduzido apetite de investidores fizeram o governo suspender a ideia.

Agora é a vez do Aeroclube. Para resolver a pendência da Via Mangue e gerar uma nova âncora turística na ilha, os 56 hectares estão no terreno idealizado para o ecoresort. Thiago Norões, procurador-Geral do Estado, enfatiza que a cessão é não exclusiva, ou seja, compatível com um futuro projeto hoteleiro. “Itaparica, na Bahia, tem essa integração”, afirma. “É importante ressaltar, a retirada dos presídios continua na pauta do governo”, reforça Norões.

Em Igarassu existe o Aeródromo Coroa do Avião, um aeroporto privado com foco no mercado executivo. Ele é diferente do Aeroclube, com perfil esportivo e de lazer.

Segundo o presidente da entidade, Alfredo Bandeira, o importante é a Escola de Formação de Aeronautas, para pilotos de aviões privados, comerciais e de helicópteros. Os 50 alunos hoje recebem aulas teóricas em um espaço alugado na capital e a prática em uma área cedida pela Infraero no Aeroporto do Recife. “Não temos como construir a estrutura em Itamaracá sem a indenização da prefeitura”, afirma Bandeira. “Não queremos ouvir falar em empréstimo”, diz.

A Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura do Recife informa que o terreno antigo do aeroclube foi cedido ao município por lei estadual, ano passado, e reconhece a indenização por benfeitorias (obras). Mas a liberação do dinheiro, diz, depende da liberação da escritura da área pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

“Será ótimo ver o projeto saindo do papel. A movimentação vai ajudar nossos restaurantes, pousadas e hotéis”, afirma Gustavo Calheiros, da Ahita. “Espero que desta vez saia”, comenta o prefeito de Itamaracá.

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