O Ministério da Integração Nacional vai publicar nesta quinta-feira (8) o edital de licitação das obras da primeira etapa (1N) do Eixo Norte do projeto da Transposição de águas do Rio São Francisco que não foram executadas pela empresa Mendes Júnior. Os serviços serão realizados num trecho de 140 quilômetros de extensão, passando pelas cidades pernambucanas de Cabrobó, Salgueiro e Verdejante e pelo município cearense de Pena Forte. A Mendes Júnior desistiu da obra depois de ser denunciada na Operação Lava Jato, que revelou um esquema de corrupção bilionária envolvendo empreiteiras que prestaram serviço à Petrobras.
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A transposição pretende levar a água do São Francisco a 390 municípios em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O empreendimento teve as suas obras iniciadas em 2007 e, inicialmente, o prazo previsto para conclusão era 2010, o que não ocorreu por inúmeros problemas como desistência das construtoras, falhas nos projetos executivos, entre outros. Ao mesmo tempo em que a obra se arrasta, os Estados do Nordeste passam por uma seca que ultrapassa os quatro anos.
O edital será publicado hoje no Diário Oficial da União e disponibilizado no site do Ministério da Integração Nacional. A contratação será na modalidade Regime Diferenciado de Contratações (RDC) que, geralmente, é adotada para dar uma maior celeridade na contratação. As propostas das empresas interessadas serão abertas em janeiro próximo e a contratação das obras em fevereiro de 2017, segundo o Ministério.
Ainda de acordo com o Ministério, com a conclusão desse serviço a expectativa é beneficiar o reservatório de Jati, no município de mesmo nome (no Ceará), em agosto próximo e, em setembro, a população da Região Metropolitana de Fortaleza. O estado do Rio Grande do Norte será atendido em dezembro de 2017.
PASSAGEM
Se esses prazos forem cumpridos, Pernambuco continuará servindo de passagem para a água do São Francisco. A transposição consiste na construção de dois canais, o Eixo Norte e o o Eixo Leste que totalizam 325 km. Os principais empreendimentos que fariam essa água chegar ao Agreste de Pernambuco não saíram do papel. Um deles é o Ramal do Agreste, que transportaria a água do Eixo Leste da transposição, em Sertânia, até onde vai começar a Adutora do Agreste, em Arcoverde. Ele não foi sequer iniciado. Principal empreendimento hídrico do Agreste, a Adutora do Agreste – que deveria ter sido concluída no ano passado – se arrasta devido à diminuição do repasse de recursos da União. Para o leitor ter ideia, dos 71 municípios do Agreste, 25 estão em colapso (sem água) e 92% dos reservatórios dessa região secaram.
