A promessa feita nesse fim de semana pelo Governo do Estado de reestruturar o Aeroporto de Caruaru – Oscar Laranjeira, no Agreste de Pernambuco, reacendeu entre os empresários do Polo de Confecções uma antiga reivindicação: o acesso. Tendo a cidade de Caruaru e de Santa Cruz do Capibaribe como as localidades chaves para essa cadeia produtiva, o caminho entre elas, feito pela PE-160, não corresponde à relevância econômica que o setor tem para a economia local. Agora, a esperança é que a chegada de mais aviões ao Agreste reforce a necessidade de melhorar os caminhos por terra.
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“Ainda não temos como estimar o impacto que o aeroporto vai trazer para os nossos negócios, mas temos a ciência de que vai ser importante para nós. Mas as pessoas vão precisar ir de Caruaru até Santa Cruz por terra e as estradas hoje estão em situação precária”, comenta o síndico do Moda Center Santa Cruz, Allan Caneiro. Sozinho, o centro de venda de artigos de confecção reúne 10 mil produtores de 54 cidades que compõem o polo. Nos meses de maior movimento, a estrutura chega a receber 150 mil clientes por semana.
A maior parte desse público chega através da PE-160, que corta a cidade ao meio, vindo de Caruaru. A rodovia é como uma espinha dorsal para o município, que vive em função do comércio feito por milhares de compradores vindos de carros, caminhões e ônibus. Mas as condições da estrada são uma das mais antigas queixas dos empresários da região.
Segundo a Secretaria Estadual de Transportes (Setra) estão sendo investidos R$ 65 milhões para a obra de duplicação de 12 quilômetros da rodovia no trecho que liga o distrito de Pão de Açúcar ao município de Santa Cruz do Capibaribe. “Enquanto isso, a Setra informa que, com o término do período chuvoso, retornará os serviços de conservação na via nesta primeira quinzena agosto”, afirmou a pasta em nota.
A secretaria afirmou ainda que fará uma outra intervenção importante para a região, na BR-104, no trecho de 13 quilômetros que liga Pão de Açúcar ao município de Toritama. O investimento está orçado em R$ 78 milhões.
“Para sair daqui (de Santa Cruz do Capibaribe) para São Paulo levamos cerca de oito horas, somando via por terra e viagem de avião, é quase o tempo de um voo internacional. Como a maior parte das visitas que recebemos é rápida, a estruturação do Aeroporto de Caruaru vai vir na hora certa”, comemora o proprietário da Rota do Mar, maior indústria do Polo, Arnaldo Xavier.
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A maioria dos clientes que compram as peças produzidas no Agreste pernambucano é do Norte e Nordeste, cerca de 80%. Mas, segundo os empresários, a quantidade de compradores vindo de estados mais distantes, como Minas Gerais e Espírito Santo, por exemplo, vem crescendo, o que reforça a importância do aeroporto e de novos acessos por terra para a cidade.
PREVISÕES
Segundo o anúncio feito pelo Governo do Estado no último sábado, a intervenção prevista para o aeroporto prevê serviços de recuperação, administração, operação e manutenção do terminal, ações que devem ser iniciadas até o fim deste ano. Ainda segundo a administração estadual, a iniciativa é reflexo da instalação em Pernambuco do centro de conexões de voos da Azul Linhas Aéreas, que iniciaria suas operações em Caruaru. Procurada pelo JC, a empresa afirmou que ainda não fez solicitações à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de novos voos para a cidade e que, por isso, não pode dar previsões para o início da operação.