O potencial de geração de energias renováveis está mapeado no Atlas Eólico e Solar de Pernambuco. Elaborado ao longo de 3 anos pela empresa pernambucana Aeroespacial, o trabalho de quase 200 páginas foi apresentado ontem pelo governador Paulo Câmara, durante evento no Palácio do Campo das Princesas. O levantamento aponta as áreas com maiores níveis de ventos e radiação solar, além de apontar o Estado como localização estratégica para a implantação de parques híbridos (que unem eólica e solar). O trabalho vai facilitar a atração de empresas interessadas em investir em energias renováveis no Estado.
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“Os números encontrados pelo Atlas podem ser considerados infinitos. Na energia eólica, o potencial de geração do Estado é de 100 GW (para efeito de comparação a capacidade instalada de geração no Brasil é de 150 GW), enquanto de solar chega a 1.200 GW e do modelo híbrido de 270 GW. São valores gigantescos. Basta imaginar que a demanda da Celpe é de 2.400 MW e a geração no Estado somando hidrelétricas, eólicas e térmicas é de 4.200 MW. A partir dessa comparação dá para perceber o potencial exponencial”, compara o secretário executivo de energia, Luiz Cardoso Ayres Filho. No caso da eólica, por exemplo, a capacidade explorada hoje é de 731,4 MW.
Um dos destaques do Atlas é o mapeamento do potencial de regiões com casamento do regime de ventos e sol, que se complementam. Nas regiões do Rio Grande do Norte e da Paraíba os ventos são constantes. Diferente do que acontece no Sertão pernambucano, em que o regime de ventos é maior à noite e durante a madrugada, enquanto durante o dia praticamente não tem vento, mas tem sol. Diante desse cenário, a utilização da usina híbrida é ideal. Pernambuco, aliás, foi o primeiro Estado brasileiro a inaugurar um parque híbrido, em 2015, no município de Tacaratu (Sertão do São Francisco). Pelo mapeamento, o Sertão é a área com maior potencial para abrigar esses parques.
TRANSMISSÃO
Apesar de todo o potencial da geração solar e eólica, um dos entraves para que essa energia chegue até as pessoas é o investimento em linhas de transmissão. “O que vamos fazer é procurar influenciar no programa de expansão da Celpe para antecipar subestações nas regiões onde tem muita incidência solar, mas não tem conexão. A Celpe não é uma empresa de prospecção, o Estado é que tem que induzir o desenvolvimento, enquanto a empresa atende as demandas. O Estado já criar uma demanda futura”, observa Ayres Filho.
Outro condicionante para a realização de investimentos no setor é a realização de leilões de energia renováveis pelo governo Federal. Com a crise, as contratações de energia foram suspensas desde 2015. O Ministério de Minas e Energia justificou que o planejamento dos leilões estava baseado num ritmo de crescimento médio do PIB de 4,5% ao ano quando veio a recessão. No mês passado, o governo Federal anunciou para dezembro a realização de dois leilões de energia nova A-4 (para contratos de comercialização em 2021) e A-6 (contratos para 2023). O Atlas está disponível para investidores e todos os interessados no tema no www.atlaseolicosolar.pe.gov.br