Copa do Mundo

Argentina conquista sua primeira Copa do Mundo

Hermanos bateram a Holanda na decisão do Mundial de 1978

Marcos Leandro
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Marcos Leandro
Publicado em 10/02/2018 às 13:23
AFP
Hermanos bateram a Holanda na decisão do Mundial de 1978 - FOTO: AFP
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 Depois de o Uruguai sediar a primeira edição, em 1930; o Brasil em 1950; e o Chile em 1962; a Copa do Mundo voltou ao continente sul-americano em 1978. Desta vez para a Argentina. Dos três países da América do Sul que tiveram a honra de sediar o Mundial até então, apenas o Uruguai tinha conquistado o título dentro de casa. Os argentinos não queriam falhar. E tiveram sucesso, ganhando umas das Copas mais polêmicas de todos os tempos.

Para começar, o país era comandado já havia dois anos pela sangrenta ditadura do general Jorge Videla, que queria usar a Copa para aumentar a sua popularidade. Perder a Copa em seus domínios definitivamente não estava nos planos. Craque do Mundial anterior, Cruyff, politizado como era, decidiu boicotar a competição (também estava envolvido com uma ameaça de sequestro da sua família na Espanha), enfraquecendo a Holanda.

Sensação da Copa passada, a seleção holandesa já não encantava tanto assim nos gramados argentinos. Na 1ª fase, venceu o Irã por 3x0, empatou com o Peru por 0x0 e perdeu por 3x2 da Escócia. Na 2ª fase, também disputada por grupos, a Oranje deu uma engrenada. Goleou a Áustria por 5x1, empatou com a Alemanha por 2x2 (na reedição da final da Copa de 1974) e bateu a Itália por 2x1. Vaga na segunda decisão consecutiva garantida. Novamente contra os donos da casa.

A Argentina tinha grandes jogadores, como o goleiro Fillol, o zagueiro Passarella, o volante Ardiles e o atacante Mario Kempes. Mas a 1ª fase não foi nada fácil. Vitória de virada sobre a Hungria por 2x1 (com gol de Bertoni aos 38 do segundo tempo), triunfo por 2x1 sobre a França e derrota por 1x0 para a Itália.

Na 2ª fase, um grupo encardido, com Brasil, Peru e Polônia. Na largada, 2x0 nos poloneses, com dois gols de Kempes - seus primeiros na Copa. Na sequência, um 0x0 chato contra o Brasil. Na última rodada, brasileiros e argentinos chegaram com chance de avançar à final. Porém, devido a uma falha no regulamento, a Canarinho jogou antes e venceu a Polônia por 3x1, gols de Nelinho e Roberto Dinamite (duas vezes).

Três horas depois, a Argentina entrou em campo sabendo que precisava derrotar o Peru por quatro gols de diferença. Os peruanos, já eliminados, assustaram logo no começo da partida em Rosario. Mas a dificuldade ficou por aí. Com extrema facilidade, os hermanos entravam como queriam pela defesa do Peru. E marcaram dois gols, com Kempes e Tarantini. No segundo tempo, a goleada que os argentinos precisavam se concretizou. Luque (duas vezes), Kempes e Houseman sacramentaram o 6x0, placar contestado sob acusação de suborno, que nunca foi comprovado - apesar de integrantes do Cartel de Carli-COL terem revelado que intermediaram um encontro entre membros das federações argentina e peruana.

Com o resultado, o Brasil acabou eliminado no saldo de gols. Na disputa do terceiro lugar, a seleção brasileira bateu a Itália por 2x1, com gols de Nelinho e Dirceu e voltou para casa invicto, o que levou o técnico Cláudio Coutinho a argumentar que o Brasil foi o campeão moral.

FINAL

A decisão foi tensa. No estádio Monumental de Nuñez, argentinos e holandeses queriam conquistar o Mundial pela primeira vez. Kempes levou à torcida ao delírio aos 38 do primeiro tempo. Mas a Holanda empatou aos 37 da etapa final, com Nanninga. Aos 45, Resenbrink acertou a bola na trave de Fillol. A Holanda ficaria no quase outra vez. Na prorrogação, Kempes e Bertoni fecharam o placar em 3x1 para os hermanos, campeões pela primeira vez.

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