Voltando a receber uma edição da Copa do Mundo após 64 anos, os brasileiros entraram com uma expectativa de presenciar um Mundial inesquecível. Era uma chance de finalmente conquistar um título em casa e de realizar uma verdadeira festa nas arquibancadas das 12 cidades que receberiam as partidas da competição. No entanto, poucos esperavam o desfecho que a Copa de 2014 reservaria para o Brasil. Na semifinal, a seleção sofreria a pior derrota em toda a sua história, as 58.141 pessoas que estavam no Mineirão além das milhões que acompanhavam pela televisão naquele dia, presenciaram um massacre promovido pela Alemanha. A Nationalelf aplicaria uma sonora goleada por 7x1 e daria uma verdadeira aula de futebol ao Brasil. Uma maneira cruel de encerrar a chance do hexa, num dia que dificilmente irá deixar a cabeça dos brasileiros tão cedo.
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A expectativa dos brasileiros com o título da Copa do Mundo se intensificou após a boa vitória por 3x0 sobre a Espanha, na final da Copa das Confederações de 2013. Para o comando da equipe, a CBF havia apostado em Felipão como treinador e Carlos Alberto Parreira como coordenador técnico, os dois últimos treinadores levaram a seleção ao título. O começo da Copa, no entanto, não corresponderia às esperanças de título carregadas antes da competição. Na primeira fase, o Brasil venceria Croácia e Camarões, empatando com o México. Apesar da primeira colocação, a seleção praticava um futebol de resultado e que girava bastante em torno de Neymar. Uma dependência que se provaria bastante perigosa dias depois, no mata-mata.
Nas oitavas de final, após quatro anos, um novo encontro contra o Chile. No entanto, a partida se revelaria muito mais difícil do que a da Copa da África do Sul. Após o 1x1 no tempo normal, o Brasil escapou por um triz da eliminação quando Pinilla, atacante chileno, acertou o travessão aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação. A classificação viria nos pênaltis, graças ao goleiro Júlio Cesar, que pegou duas cobranças e viu Jara acertar a trave na última penalidade chilena.
Nas quartas, mais um adversário sul-americano. O Brasil venceu a Colômbia por 2x1, vendo seus dois zagueiros, Thiago Silva e David Luiz, decidirem no ataque. No entanto, a partida ficaria marcada por dois golpes profundos sofridos pela seleção. Líder da defesa brasileira, Thiago Silva receberia o segundo cartão amarelo e ficaria de fora da semifinal. O outro foi com Neymar, que recebeu uma joelhada nas costas do colombiano Zuñiga, o que tiraria o camisa 10 do restante do mundial.
Na semifinal, seria a vez do Brasil enfrentar a seleção alemã, uma das favoritas à conquista da competição. Se a partida já seria difícil com time completo, sem as referências na parte defensiva e no ataque, o Brasil teria ainda mais dificuldades de encarar a Alemanha. No entanto, o que se viu naquele dia 8 de julho foi uma completa inversão de valores. Antes conhecida como uma seleção que praticava um estilo que buscava unicamente o resultado, a Alemanha modificou seu modelo para um futebol propositivo e de posse de bola, de uma certa maneira inspirado no passado do Brasil. A equipe de Joachim Löw, então, colocaria todo o resultado desta reformulação contra o Brasil, se impondo de maneira avassaladora na partida. Num intervalo de 18 minutos, os alemães anotaram cinco gols contra um Brasil completamente atordoado em campo. Müller, Kroos, duas vezes, Khedira e Klose, que, com o gol, chegaria a 16 e passaria Ronaldo na lista dos maiores artilheiros das Copas. No segundo tempo, mais dois gols, anotados por Schürrle, com Oscar diminuindo o marcador. No 3º lugar, a derrota por 3x0 para a Holanda evidenciaria ainda mais a necessidade de mudanças no futebol da seleção brasileira. Um processo que o seu grande algoz no Mundial precisou passar.
Alemanha colhe os frutos de sua reformulação
A Copa de 2014 seria finalmente a oportunidade para a Alemanha colher os frutos de sua reformulação, iniciada nos anos 2000. Até aquela semifinal, a equipe havia enfrentando alguns desafios durante a competição. Após chegar, no mínimo, nas semifinais nos três últimos mundiais. O começo foi bem animador, com uma vitória por 4x0 sobre Portugal, de Cristiano Ronaldo. No entanto, as próximas partidas não teriam a mesma facilidade. Na segunda rodada, empate em 2x2 contra Gana e vitória contra os Estados Unidos por 1x0, no Recife.
As oitavas de final foram disputadas contra a Argélia. O jogo se revelou mais equilibrado do que o esperado, com a Alemanha apresentando um futebol bastante abaixo do esperado e vendo a equipe africana chegar com perigo. No entanto, na prorrogação, os europeus levaram a melhor e venceram por 2x1. Já nas quartas, outra partida dificílima, desta vez contra a França. Desta vez, coube a Neuer, melhor goleiro daquele mundial, segurar a vantagem construída no primeiro tempo e parar o ataque de Benzema e companhia.
Após a goleada sobre o Brasil, seria a de encarar a Argentina de Lionel Messi. A partida começou com a albiceleste criando as melhores chances no início, disposta a conquistar um simbólico título em pleno Maracanã. Higuaín perdeu uma boa chance de abrir o placar e colocar a albiceleste na frente. Em outra oportunidade, o camisa nove argentino até marcou, mas estava impedido. A Alemanha aos poucos foi se resolvendo na defesa e equilibrando a partida. As chances foram diminuindo, com a partida se encaminhando para a prorrogação. Lá, a Alemanha começou a dominar a partida. E deu o golpe final. Mario Götze, que começou a partida do banco, venceu o goleiro Romero e anotar o gol que marcaria o tetracampeonato da Alemanha. E que coroaria o trabalho de base empenhado pelos alemães.