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Eles trabalham enquanto o Recife para pra ver o Brasil

Nos dias de jogo do Brasil, enquanto muitos ficam por dentro da transmissão, eles estão em serviço

Maria Eduarda Bravo
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Maria Eduarda Bravo
Publicado em 22/06/2018 às 13:02
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Em dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo, algumas cenas se repetem no cotidiano do pernambucano: trânsito, estações de metrô e trem lotadas, muito corre-corre para chegar em casa a tempo da partida. Mas é só a bola rolar que tudo muda. Muitas das ruas do Recife ganham aparência de deserto. Enquanto alguns curtem, outros precisam trabalhar até na hora do jogo. A equipe do Jornal do Commercio acompanhou esse ‘clima de feriado’ que se instalou na partida entre Brasil 2x0 Costa Rica e mostra que os serviços de saúde e de transporte público, por exemplo, são alguns que não podem parar.

A reportagem começou a acompanhar a movimentação em uma das avenidas mais conhecidas do Centro do Recife, a Avenida Guararapes. Chegando lá, o único local que ainda não havia movimentação ou até comentários sobre a partida da seleção era em um ponto de táxi. O motivo? Essa não era a primeira Copa em que acompanhariam ali, ao lado do instrumento de trabalho. “Essa é a 12ª Copa do Mundo que eu acompanho e para esse jogo do Brasil melhorou bastante, tem bem mais passageiros agora. E assim, em dia de jogo assim eu assisto (sic) pelo rádio, mas preferia pela televisão, né? Se tivesse tempo.”, contou aliviado Eduardo Farias, que está na profissão há mais de 40 anos.

Logo ao lado do ponto de táxi, estava uma 'fan fest' improvisada que não existia na Copa de 2014, no Brasil. É o que afirmou o comerciante Suelito Lira, que montou toda uma estratégia para receber os torcedores. “Colocamos uma televisão para que o povo venha, para que as pessoas possam acompanhar com a gente a partida. A gente fica se comunicando através do WhatsApp e redes sociais para saber quem vem e quem não vem na hora do jogo”, contou Suelito já ao lado dos gritos dos torcedores.

“A gente sempre acompanha, até mesmo o cliente está falando e reagindo, a gente acompanha através da emoção do cliente, eles são os meus narradores aqui”.

Serviços não param

O gari Manuel da Silva, que aos 61 anos, diz que não é torcedor fanático, mas ao trabalhar na hora do jogo do Brasil faz questão de dar uma espiadinha nas televisões que estão ligadas na partida. “Eu sou gari há seis anos e desde a Copa que teve no Brasil eu não consegui acompanhar um jogo em casa. Confesso que não sou um torcedor fanático, só que gostaria de assistir. Mas a cidade precisa estar limpa, né? E com menos pessoas nas ruas, até que o serviço fica pronto mais rápido”, relatou o gari.

Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
É a 12ª Copa que Eduardo Farias, de 61 anos, acompanha como taxista - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O comerciante Suelito Lira afirma que os narradores da partida são os clientes - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Torcedores não perdem nenhum detalhe da partida da seleção brasileira - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Valdemir Fonseca, que há 40 anos é motorista de ônibus, queria assistir jogo do Brasil em casa - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Como não consegue acompanhar, segue feliz na sua viagem de ônibus - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O farmacêutico Flávio Tertuliano lamentou apenas a queda nas vendas por causa do jogo - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O gari Manuel da Silva, de 61 anos, ainda tenta dar uma 'espiadas' nas televisões na hora do jogo - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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A técnica de enfermagem Tatiana Simião, lamenta não assistir a Copa - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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A bola continua rolando e as ruas seguem bem vazias. A reportagem continuou seguindo com seu Valdemir Fonseca, de 61 anos, pela Conde da Boa Vista até o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife. Fonseca é mais um personagem que não teve descanso na hora do jogo do Brasil. O motorista de ônibus há mais de 40 anos conta que não teve como acompanhar o segundo jogo da seleção brasileira nessa sexta-feira (22). “Hoje são três viagens, só largo de duas horas da tarde, nem vou conseguir acompanhar”, disse Fonseca, aos risos.

O motorista já trabalhou em diversos jogos da seleção em Mundiais passados, desde a Copa de 74. O sufoco é sempre para saber o resultado, mas, quando é o Brasil jogando, o desejo por acompanhar ao vivo aperta. “Quando terminar, se tiver uma televisão na estação, aí eu assisto umas partes”, comenta.

Mesmo sem assistir os lances da seleção, Fonseca segue animado e a nossa equipe desce próximo ao Hospital da Restauração. Como de costume, na emergência do HR o fluxo era bastante intenso, mas ainda encontramos Tatiana Simião, que há 10 anos atua como técnica de enfermagem no local. Com uma certa tristeza, Tatiana contou que infelizmente não consegue acompanhar a partida enquanto trabalha. “É um dia normal aqui para mim. O fluxo é bem intenso, tem muitas pessoas. Desde que começou o jogo eu tento acompanhar pela televisão que tem no celular”, disse.

Os serviços de saúde não podem parar. Tatiana ainda destaca que durante os jogos o movimento no hospital é menor, mas no pronto-socorro podem chegar vítimas de acidentes de trânsito, por exemplo. “Normalmente o movimento começa depois”, explica.

Mesmo sem terem acompanhado o jogo, certeza que todos ficaram satisfeitos com o resultado positivo do Brasil. Agora, na próxima quarta-feira (27), quando o adversário será a Sérvia, pela última rodada do Grupo E, a torcida de Eduardo, Suelito, 
Manuel, Valdemir e Tatiana, além de ser por mais um triunfo canarinho, claro, será para não ser escalado para trabalhar na hora da partida.

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