A chave mais imprevisível da Copa do Mundo da Rússia, terminou com o cenário mais improvável. Após largar em vantagem no Grupo F, vencendo os dois primeiros jogos no Mundial, o México poderia até empatar para garantir a classificação contra a Suécia. Acabou derrotado por 3 a 0 e foi obrigado a conviver com a incerteza durante os 90 minutos mais emocionantes - até o momento - desta edição do torneio mais importante do futebol internacional.
No final, a vitória improvável da Coreia do Sul por 2 a 0 sobre a Alemanha garantiu ambos os times nas oitavas de finais, aguardando a definição dos adversários, vindos do Grupo F, onde Brasil, Suíça e Sérvia vão decidir logo mais, às 15h.
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O confronto colocou em lados opostos duas filosofias distintas no futebol. Do lado mexicano, a constante adaptação do estilo de jogo imposta por Juan Carlos Osorio, alternando peças e formação tática de acordo com as características do adversário, sem repetir um modelo em uma única oportunidade em 49 jogos. Já os suecos, dirigidos por Janne Andersson, apostavam na consistência de um time com titulares consolidados e até substituições recorrentes.
O jogo
Como era de se esperar, o primeiro tempo começou bastante movimentado e nervoso. Logo com treze segundos de bola rolando, Gallardo recebeu o cartão amarelo mais rápido da história da Copa por falta dura cometida. A Suécia largou em vantagem, tendo quatro boas chances durante os dez primeiros minutos, com Ochoa defendendo a mais perigosa em cima da linha, em cobrança de falta de Forsberg.
Defendendo-se com a mesma formação apresentada contra a Alemanha, o México diminuiu a rotação do jogo a partir dos 15 minutos, chegando logo em seguida com Carlos Vela, em um chute colocado que por muito pouco não entrou. Mesmo com o time asteca passando a controlar mais a bola, os nórdicos ainda chegavam mais vezes ao ataque, com o zagueiro Granqvist e o atacante Berg de forma mais aguda.
O jogo acirrado, com divididas ríspidas e entradas mais duras foi bem conduzido pelo árbitro argentino Nestor Pitana. Acostumado a apitar nesse tipo de situação - recorrente no Campeonato Argentino -, Pitana ainda acertou ao não concordar com a sugestão do auxiliar de vídeo, o conterrâneo Mauro Vigliano, em lance envolvendo Chicharito Hernández na área mexicana. A etapa inicial manteve o placar e, aliado ao empate parcial entre Coreia do Sul e Alemanha, o mesmo cenário entre as equipes classificadas.
Segundo tempo
Se faltou emoção no primeiro tempo, a etapa complementar transbordou. A Suécia usou a seu favor uma arma sofrida na derrota de virada para a Alemanha e abriu o placar logo aos seis minutos, com Augustinsson escorando em rebote. Com a manutenção do outro resultado da chave, o cenário era suficiente para classificar ambos os times e deixar a tetracampeã de fora.
Ainda em conforto, o México seguiu sem arriscar. E pagou o preço. Em um contra-ataque aos 16 minutos, Moreno cometeu pênalti em Berg e Granqvist converteu para ampliar. As duas equipes ainda avançavam de fase, mas bastava um gol alemão para o México cair fora do Mundial.
Ciente disso, Osorio avançou a equipe, acionando mais um meia-atacante na vaga de um lateral. Mesmo saindo derrotado, um gol do México obrigaria a Alemanha a fazer dois gols. A Suécia, partindo de eliminada a líder da chave, passou a defender-se de qualquer forma e até abrir mão de contra-atacar para ter mais posse e ganhar tempo
O desespero mexicano, porém, jogou contra. Literalmente. Ao tentar afastar a bola da área, Álvarez se atrapalhou e mandou contra o própria própria. Ainda assim, a classificação estava em mãos mexicanas, mas o gol da Alemanha contra a Coreia parecia iminente. O desespero azteca se refletia na expressão dos torcedores, que abandonaram o próprio jogo em Ecaterimburgo e passaram a focar nos celulares com a transmissão do que acontecia em Kazan. Alguns sequer viram Carlos Vela perder um gol feito, cabeceando para fora, aos 36 minutos.
Osorio lançou o time ainda mais para o ataque, enquanto a Suécia se defendia na mesma proporção. O desespero poderia encerrar aos 46 minutos, quando o improvável gol coreano surgiu, mas o pedido de revisão no lance segurou a festa, com pedido de auxílio do VAR em Kazan. O apito final veio em Ecaterimburgo, mas jogadores, comissão técnica e a torcida mexicana no estádio, no México - e claro, no Brasil - só foi completa após o segundo gol coreano. O México nunca festejou uma derrota como nesta quarta-feira.
México 0
Ochoa, Álvarez, salcedo, Moreno e Gallardo(Fabián); Guardado(Corona), Herrera, Layún(Peralta), Carlos Vela e Lozano; Chicharito Hernández. Técnico: Osorio.
Suécia 3
Olsen, Lustig, Lindelöf, Granqvist e Augustinsson; Larsson(Svensson), Ekdal(Hiljemark), Claesson e Forsberg; Toivonen e Berg(Thelín). Técnico: Janne Andersson.