A ligação com Chapecó não está no sangue. E sim na alma. Não nasceu, nem mora lá, mas fez da pequena cidade um porto seguro no coração. Julião Konrad, dono da rede Spettus, nasceu em 1947, em Lajeado, no Rio Grande do Sul, a 120 quilômetros da capital. Aos 18 anos, se mudou para Pinhalzinho e logo depois para a cidade que, segundo o próprio, iria transformar sua vida para sempre.
Apaixonado por futebol desde moleque, tentou seguir carreira no esporte. Como naquela época não havia ainda um clube profissional na cidade atuou por equipes amadoras. Ele brinca dizendo que era um jogador dos bons. “Quando encontro com amigos meus daqueles tempos, eles narram um gol que eu fiz numa cidade próxima, chamada Maravilha, e dizem que nem Pelé fez aquele gol. Um voleio na quina da grande área e o goleiro nem viu onde a bola entrou”, relembrou.
A Chapecoense foi fundada em 1973 e o time abraçou a cidade. E vice-versa. “O clube na verdade era uma grande família. Era integrados à sociedade, não tinha aquela separação. A torcida não precisava exigir, o próprio jogador se cobrava. Por isso que jogavam com tanto amor. Porque tinham as famílias deles lá, convivendo com todo mundo. Iam buscar os filhos no colégio, onde apareciam era aquela festa, no comércio, em qualquer lugar”, contou.
DECISÃO
Chegou uma hora que Julião teve que fazer uma escolha. “Eu achava que tinha muito futuro como jogador. Mas chegou uma hora que tive que escolher: ou futebol ou trabalhar. Então, como era difícil fazer carreira nos gramados, então tive que trabalhar. Tirei carteira de motorista e fui dirigir caminhão”, afirmou. Nas viagens para fazer entregas conheceu o Nordeste. Se encantou tanto por Recife que decidiu fixar residência e aqui construiu sua rede de restaurantes.
Porém, nunca esqueceu de Chapecó e, claro, da Chapecoense. “Não me lembro nos últimos três anos de ter perdido nenhuma partida do meu time. Seja em campo ou pelo rádio ou TV”, garantiu. A preferência, lógico, era estar lá no estádio da Chape. Uma experiência, segundo ele, única. “Nunca deixei de ir a campo quando estava lá. Primeiro porque é muito agradável, não tem bagunça. É bacana, uma festa só. É interior! Todo mundo se conhece e é amigo. É um que grita de lá, outro chama daqui. São os bons momentos que a vida nos proporciona. E eu curto sempre que posso isso”, disse.