Confusão

Torcedores do Santa Cruz relatam momentos de terror na Ilha do Retiro

Cerca de 60 torcedores saíram feridos do tumulto após o gol do Santa Cruz

Vinícius Barros
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Vinícius Barros
Publicado em 08/03/2018 às 1:09
Foto Diego Nigro/JC Imagem
FOTO: Foto Diego Nigro/JC Imagem
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Se em campo prevaleceu o empate por 1x1, fora dele o saldo foi bastante negativo para parte dos torcedores do Santa Cruz que foram ao jogo contra o Sport na Ilha do Retiro. De acordo com Caio Santos, médico responsável pela equipe que fez os atendimentos no gramado, cerca de 60 pessoas saíram feridas do tumulto ocorrido após o gol tricolor.

Um deles foi Bernardino Vieira, pai da jovem Ana Beatriz Vieira, de 15 anos. "Só vi quando estava no chão, todo mundo descendo. Ela tava junto comigo, para protegê-la a coloquei nas minhas costas, mas a gente veio descendo muitos degraus na hora do gol, como um avalanche" contou enquanto acordava a filha em meio aos desmaios.

Com lesão no pé direito, a jovem foi levada para UPA localizada na Avenida Abdias de Carvalho, no bairro de Torrões, mas por falta de atendimento ortopédico no momento da entrada foi transferida para outra unidade.

Foto Diego Nigro/JC Imagem
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Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Queixas da torcida

"A gente estava comemorando o gol do Santa Cruz, aí os policiais começaram a empurrar a torcida. Parecia uma avalanche, todo mundo caindo, um em cima do outro. A torcida não teve culpa, foram os policiais que fizeram isso. Pessoas com fraturas, um homem teve uma convulsão atrás da outra. Isso é uma injustiça", disse o torcedor Jonas dos Santos, de 28 anos, sentado em uma cadeira de rodas e com o joelho esquerdo enfaixado enquanto esperava atendimento. Ele ainda se queixou de dores no tornozelo direito.

"A gente teve que esperar muito lá (no estádio) pelo atendimento. Depois do gol do Santa Cruz, houve a comemoração e o Choque (Batalhão da PM) empurrou o pessoal lá de cima, aí ficou um em cima do outro. Infelizmente é assim todo clássico, a tendência é só terminar assim", lamentou um tricolor que não quis se identificar . Ele procurou atendimento para a namorada que sofreu fratura no braço.

Para saber a versão da Polícia Militar, a reportagem do Jornal do Commercio procurou a assessoria da PM, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

O JOGO

Ainda sem convencer na temporada, Sport e Santa Cruz entraram em campo com a responsabilidade de protagonizarem um futebol mais vistoso ou, ao menos, mais competitivo. Algo que ambas as equipes não apresentaram em 2018. Porém, no início do Clássico das Multidões, somente os rubro-negros procuraram tomar a iniciativa do jogo. É verdade que de forma atabalhoada. O suficiente para encurralar os tricolores em seu campo defensivo.

O volume imposto pelos donos da casa não era produtivo e os passes errados incomodavam Nelsinho Baptista, que aos 23 minutos perdeu a cabeça com Índio e sacou o prata da casa para colocar Thomás. A mudança surtiu efeito e com menos de dois minutos em campo, o meia já balançava a rede coral. O camisa 20 recebeu pela direita, cortou de letra Paulo Henrique e chutou de canhota no ângulo de Machowski. Um golaço: 1x0.

O Santa Cruz não demonstrava capacidade para incomodar a defesa leonina e permanecia acuado. O Sport, por sua vez, perdia chances de ampliar o placar. Neto Moura, em cobrança de falta, e Raul Prata em chute raspando a trave, estiveram próximo de balançar a rede tricolor. Quando parecia que a Cobra Coral não iria mostrar o seu veneno na primeira etapa: eis o bote. Aos 40 minutos, em rápido contra-ataque, Héricles partiu pra cima da zaga rubro-negra e direção à área, mas ao invés do chute, ele deu um lindo calcanhar achando Fabinho Alves sozinho entrando na cara de Magrão e finalizando com tranquilidade para empatar a partida: 1x1.

Após o gol de empate, um torcedor tricolor acendeu um sinalizador nas arquibancadas, o que gerou uma grande confusão. A Polícia Militar tentou coibir o ato e acabou provocando muito corre-corre, torcedores seriamente machucados ao descer os degraus das arquibancadas - alguns com fratura exposta.

O tumulto fora das quatro linhas acabou afetando o rendimento em campo. O clássico esfriou bastante e as duas equipes não produziram jogadas perigosas. O Sport só assustou Machowski em cobrança de falta, aos três minutos. Já o Santa seguia adotando uma postura reativa - postada em seu campo defensivo e buscando sair em velocidade. Sem produtividade em campo, a partida permaneceu com o placar inalterado até o apito final.

Ficha do jogo

SPORT

Magrão; Raul Prata, Ronaldo Alves, Léo Ortiz e Sander; Pedro Castro, Neto Moura, Marlone e Gabriel; Índio (Thomás) e Leandro Pereira (Mikael). Técnico: Nelsinho Baptista.

SANTA CRUZ

Tiago Machoski; Vitor, Augusto Silva, Genílson e Paulo Henrique; Jorginho (Leandro Salino), Luiz Otávio, Daniel Sobralense (Jeremias); Fabinho Alves (Geovane), Robinho e Héricles. Técnico: Júnior Rocha.

Local: Ilha do Retiro.
Árbitro: Péricles Bassols Cortez.
Assistentes: Ricardo Chianca e Clóvis Amaral.
Gols: Thomás, aos 26 minutos, e Fabinho Alves, aos 40 minutos, do 1º tempo.
Cartões amarelos: Ronaldo Alves (SPO) e Jeremias (SAN).
Público: 13.218.
Renda: 216.095,00.

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