Além de enfrentar muitas vezes a família para acompanhar o time do coração de perto, torcedoras ainda precisam que os clubes tenham uma olhar diferenciado para recebê-las em seus domínios. As resistentes tentam levar outras meninas aos estádios, mas é preciso incentivo da instituição para que mais e mais mulheres ocupem seus lugares de direito nas arquibancadas, sem rejeição.
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Para isso, o Náutico iniciou a diretoria da mulher. A torcedora Fernnanda Rocha, integrante das Timbuzeiras, comemora a ação. “Estão fazendo tudo para atrair as mulheres. Fazem questão que as meninas estejam lá, vendo o jogo, em todo o ambiente que o Náutico tem, que seja ocupado por mulheres. Um clube que realmente luta para fazer com que a mulher esteja presente”, disse. Em casa, ela enfrenta a resistência da mãe, que fica preocupada sempre que a filha vai a jogos, principalmente em clássicos.
Frequentadora de jogos desde criança, Thammyres Dantas já foi proibida de frequentar o Arruda, quando o pai, que a levava, desistiu de acompanhar o time de perto. Em sua luta para voltar à casa coral, a integrante do Movimento Coralinas faz sua parte junto com o grupo para deixar o estádio mais atrativo a outras torcedoras. Elas deixam caixinhas colaborativas nos banheiros, locais tido como problemáticos para elas, com absorventes e papel higiênico. Mas é preciso o apoio do clube. “Não pode contar só com a gente. Queremos trazer mais torcedoras, que sabemos que existem. Talvez elas só estejam esperando um incentivo. Pode ser algo bem produtivo para o clube”, diz, citando a possibilidade de aumento no quadro de sócias. A tricolor também espera que o Santa Cruz se espelhe no Náutico para criar uma diretoria semelhante à nova pasta do Timbu.
Ações para chegar próximas do clube
Entre as ações no Dia da Mulher, celebrado na última quinta-feira, dia 8 de março, o Sport disponibilizou ingressos gratuitos para torcedores. Porém, muito em cima da hora, ao anunciar na véspera do Clássico das Multidões válido pela última rodada da primeira fase do Pernambucano. “Tinha que ser divulgada antes. Tinha mulher que já tinha comprado ingresso. O Elas e o Sport fez a campanha Mulherada Na Ilha. Falta um incentivo”, lamenta Marcella Falcão, que frequenta a Ilha do Retiro desde os 4 anos de idade, inicialmente junto ao pai e ao irmão.
A rubro-negra também tem sugestões para que mais torcedoras cheguem junto do time, como uma reforma dos banheiros femininos e mais segurança para as torcedoras. Afinal, não é preciso nem verbalizar que há assédio quando uma mulher entra em um ambiente predominantemente masculino. “Não é só uma campanha de dar um ingresso de graça”, alerta Marcella.
As torcedoras não querem privilégios ou reconhecimento. Elas buscam seus espaços nos estádios não apenas no Dia Internacional da Mulher ou no Outubro Rosa, mas durante todo o ano.