Quando o Náutico bateu na trave pelo segundo ano consecutivo sem conseguir o acesso à Série A (em 2015 e 2016 ficou em 5º), a diretoria alvirrubra planejou fazer uma temporada bem diferente dos anos anteriores para atingir os objetivos em 2017. Ledo engano! O que se viu, na prática, foi uma sucessão de erros que resultaram no fracasso do primeiro semestre do clube.
O primeiro deles foi descaracterizar o time. Os dirigentes desmontaram a base de um elenco que já atuava junto há um bom tempo e dispensou as principais lideranças do antigo grupo, caso do goleiro Julio Cesar (Santa Cruz), do zagueiro Rafael Pereira (Ceará) e do lateral-esquerdo Gastón (Fortaleza). A principal justificativa para essa medida, dada na época, era de reformular o plantel trazendo atletas acostumados a colocar a faixa de campeão no peito e que não “amarelassem” nas decisões. Estratégia que não funcionou.
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Apesar da contratação de atletas de qualidade, a nova equipe do Náutico não deu liga sob o comando de Dado Cavalcanti. O excesso de mudanças e a ausência de uma base entrosada para iniciar a temporada prejudicou bastante - 23 jogadores deixaram o clube e 14 atletas foram contratados. Mesmo participando diretamente da montagem do novo elenco, o treinador foi dispensado do Timbu após comandar o time em apenas sete jogos e amargar quatro derrotas seguidas - a última delas, a eliminação da Copa do Brasil para o modesto Guarani de Juazeiro-CE.
A chegada de Milton Cruz era vista como a solução para fazer o Náutico engrenar. De fato, os alvirrubros passaram a mostrar um futebol mais competitivo, principalmente após a utilização em maior número dos garotos da base. Mas, mesmo goleando o Uniclinic por 9x0 na última rodada da fase de grupos do Nordestão, não foi suficiente para garantir uma vaga nas semifinais do Regional e mais uma competição ficava pelo caminho.
PREJUÍZO FINANCEIRO
As eliminações precoces também significaram a perda de receitas para o clube. Dinheiro que seria fundamental para atenuar a crise financeira que o Timbu atravessa. Passados quatro meses de 2017, atletas e funcionários já estão com seus salários atrasados. Fato que gerou descontentamento do grupo. Diante disso, ficou definida uma nova rotina de não ter concentração antes dos jogos. De acordo com o próprio Milton, uma maneira de ajudar o Náutico, já que o clube economizaria com as refeições que eram servidas ao elenco.
Mesmo com o moral baixo após duas desclassificações, além de atrasos salariais, a equipe timbu bem que tentou superar o Sport e chegar à final do Pernambucano. Sem sucesso. Agora, resta ao time lutar pela 3ª colocação do Estadual contra o Santa Cruz para assegurar vaga no Nordestão e na Copa do Brasil de 2018.
É bem verdade que o jejum de 13 anos sem título incomoda, mas o torcedor também deixou a desejar. Com exceção da última partida, quando a Arena recebeu 19.541 expectadores, a média de público do clube na temporada não passou de quatro mil pagantes. Com um início de ano tão desastroso, a esperança alvirrubra está depositada na Série B. Para quem sabe, a conquista do acesso possa dar um alento a uma temporada que já apresenta muitas frustrações.