PLANEJADO

Ivan Brondi já planejava renunciar à presidência do Náutico há meses

O agora ex-presidente chegou a formatar uma carta de renúncia, mas voltou atrás por conta da criação do ''Pacto pela paz''

Filipe Farias
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Filipe Farias
Publicado em 30/08/2017 às 6:53
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O agora ex-presidente chegou a formatar uma carta de renúncia, mas voltou atrás por conta da criação do ''Pacto pela paz'' - FOTO: Foto: JC Imagem
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A crise política do Náutico parece não ter fim. Pela primeira vez nos 116 anos de história do clube, dois presidentes no mesmo mandato renunciaram ao cargo máximo do Executivo. Primeiro foi Marcos Freitas, eleito em dezembro de 2015, mas que acabou deixando a presidência no final do ano passado. Na terça-feira, foi a vez do seu sucessor, Ivan Brondi, comunicar o seu desligamento do Timbu, após ficar à frente do Executivo por 253 dias. O principal motivo para tomar a decisão foi devido ao enorme racha político e as constantes ameaças que vinha sofrendo. Nos últimos meses, inclusive, a sede na Avenida Rosa e Silva foi invadida três vezes por vândalos que picharam o centro administrativo com dizeres intimidativos ao ex-meia alvirrubro.

Um dos principais responsáveis pela maior conquista da história do Náutico - o Hexacampeonato Pernambucano, disputando 126 das 140 partidas -, Ivan Brondi não conseguiu repetir como dirigente os dias de glórias que teve como jogador. Muito pelo contrário, acabou conhecendo um Náutico que nunca tinha conhecido. “As divisões políticas do nosso clube me fizeram conhecer um lado amargo, perverso, que sinceramente eu não conhecia e nem tão pouco gostaria. O nível de acirramento político parecia não ter limites e chegara a tal ponto, que de tanta frustração, cheguei a pedir a minha esposa que não gostaria de ser enterrado com o manto sagrado alvirrubro”, desabafou o ex-presidente alvirrubro.

Porém, se engana, que essa decisão de deixar o cargo foi algo repentino. Ivan Brondi já tinha expressado esse desejo há três meses aos diretores do clube, quando chegou a formatar a primeira carta de renúncia, na qual a reportagem do Jornal do Commercio teve acesso. A principal queixa eram as constantes divergências entre Executivo e Conselho Deliberativo. Na época, a diretoria executiva chegou a entrar na justiça para evitar a antecipação da eleição. Só havia uma maneira de fazer Ivan voltar atrás de sua decisão: a trégua política no clube.

FIM DO PACTO

Então, os dois poderes do alvirrubro criaram o “Pacto pela paz”. A partir daí, a ação na justiça foi retirada, houve o pleito, Edno Melo (presidente) e Diógenes Braga (vice-presidente) foram aclamados para o biênio 2018 e 2019, e passaram a integrar a atual gestão - o primeiro assumiu a vice-presidente financeira, enquanto o segundo foi para a diretoria de futebol. Por outro lado, o CD alvirrubro passou a intervir menos nas decisões do Executivo. O pacto que era visto como a solução para salvar a temporada do Náutico não se sustentou e durou apenas 60 dias. Na semana passada, Edno escreveu uma carta para Brondi contestando a falta de autonomia no cargo que ocupara na atual gestão e que estaria deixando a função. Em solidariedade ao amigo, Diógenes seguiria o mesmo caminho. Isso foi o estopim para o novo racha. 

 

“O Náutico agonizava. Construímos e selamos um pacto pelo e para o Náutico. Juntamos ideias diferentes, mas com o mesmo ideal, socorrer o Timbu. Vivemos juntos por 60 dias, mas não deu, não foi possível! Não quero voltar aos momentos que vivi até antes do pacto pela paz. Não preciso, não mais viverei. Quero gozar da plena liberdade de ir e vir com minha esposa, filhos e netos ao estádio, sem ser achincalhado e nem ter a minha honra ferida”, destacou Ivan.

Com a renúncia de Ivan, todos os diretores colocaram seus cargos à disposição. Quem assume à presidência do Náutico até o final do ano é Gustavo Ventura, presidente do Conselho Deliberativo. Ele será o responsável por formatar e nomear a nova diretoria.

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