Os mais jovens podem ter dificuldades para lembrar, mas o Náutico teve outro Mister N famoso. Esse, ao contrário do torcedor, brilhou dentro dos gramados. Ex-atleta confirmado, Adriano Gerlin chega ao Recife na próxima sexta para jogar a partida preliminar da reabertura do estádio dos Aflitos. Há 19 anos, o meia foi o último ídolo do Timbu antes da chegada de Kuki, o homenageado do primeiro jogo da reinauguração. Com a camisa vermelha e branca, Adriano fez 19 gols no Pernambucano de 1999. Apesar da curta passagem, foi o destaque da equipe no Estadual com a precisão nas cobranças de falta.
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“Apesar de curta, a passagem pelo Náutico foi de destaque. Daria pra ter ficado muito mais, mas foi marcante. Em quase todos os jogos fiz gols e ganhei todos os clássicos contra o Santa Cruz. Era um time com raça e vibração. Mesmo com dificuldades extracampo, jogava com muito amor. E a torcida chegava junto, me dando momentos maravilhosos. Voltar agora será realmente incrível: vou relembrar de grandes momentos e rever grandes amigos”, afirmou o ex-meia de 44 anos.
Natural de São Paulo, Adriano foi uma das grandes revelações do Brasil nos anos 90. Pela seleção brasileira de base, foi o artilheiro do Mundial sub-17 de 1991, com quatro gols, e o melhor jogador do Mundial sub-20 de 1993, levando o Brasil ao título. No Náutico, mesmo chegando no andamento do Estadual, foi o vice-artilheiro com 19 gols, cinco atrás do rubro-negro Leonardo.
Nos Aflitos, muitas lembranças. “É um estádio lindo, onde fiz muitos gols e tive vários momentos bacanas. Agora, vou revê-lo de cara nova: arquibancadas, gramado, vestiários, banco de reservas... Um contexto bacana de reinauguração, com dois grandes jogos e muitas pessoas sendo homenageadas. Fico muito feliz”, disse.
Pelo clube alvirrubro, duas lembranças: o dia que virou “Mister N”, uma homenagem ao famoso mágico Mister M, que revelava truques de ilusionismo na Rede Globo. “Num Náutico contra Sport, levei uma máscara de Mister N para os Aflitos. No primeiro tempo, acabei perdendo pênalti. No segundo, fiz gol de falta e quando fui colocar a máscara, (zagueiro Wilson) Gottardo saiu correndo do banco para tirar de mim (risos). Ele acabou expulso depois e, assim que acabou o jogo, fui pra torcida com a máscara. O jogo foi 1x0 e o Náutico quebrou jejum de alguns anos sem vencer o Sport. Lembrança muito boa”, relembrou o meia.
A outra memória foi da final do primeiro turno do Pernambucano de 1999, no Clássico dos Clássicos do dia 21 de março. Na Ilha, abriu o placar com um golaço de falta. Mesmo com a vitória do Sport por 4x1, não tirou a jogada da cabeça. “Foi no primeiro clássico que joguei na Ilha pelo Náutico. Sport ganhou de virada. Meti gol de falta no Bosco. Joguei ele pra trás da barreira e bati no canto. Foi meu quarto em três jogos, e estava empolgado vendo as coisas dando certo. Passou até nos gols do Fantástico. Perdemos, mas foi uma forma de continuar lutando pelo segundo turno. O time estava jogando muito bem”.
O interessante é que, em Pernambuco, Adriano tem mais currículo no Sport. Em 2000, foi campeão do Pernambucano e da Copa do Nordeste, vice-campeão da Copa dos Campeões e chegou até as quartas de final da Copa João Havelange. “Também tive sucesso lá. Bacana ter jogado bem em dois clubes de Pernambuco. Futebol é isso: tem que joga com amor. Onde passar, se dedicar ao máximo”, explicou.
PÓS-CARREIRA
Ex-meia desde 2012, quando parou no Grêmio Prudente-SP, clube que ajudou a fundar, Adriano hoje trabalha com categorias de base em Dracena, cidade em que nasceu. “Trabalho junto com meu irmão, Juliano Gerlin. Somos dois técnicos trabalhando com formação de atletas de projeto social. Nossa meta é revelar jogadores para o alto rendimento. Que clubes como São Paulo, Corinthians, Sport, Náutico e Santa Cruz aproveitem esses atletas. Trabalhamos do sub-11 até o sub-15”, finalizou.