Quem conhece minimamente o jiu-jítsu sabe que se trata de uma arte marcial cheia de detalhes. Como fazer, então, para ensiná-la a pessoas que não enxergam? O faixa preta Danilo Cruz não precisou de muito para descobrir. Para ele, paciência e dedicação bastam. Com base nisso, fundou o projeto Jiu-jítsu com Tato. Há um ano, as aulas acontecem no Instituto de Cegos Antônio Pessoa de Queiroz (IAPQ), mas correm o risco de serem encerradas. Sem qualquer apoio dos setores público ou privado, a iniciativa recorreu a uma campanha de financiamento coletivo, lançada na última segunda-feira (10).
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A meta é chegar a uma arrecadação de R$ 28 mil. Esse valor será empregado na compra de um tatame maior. Assim, Danilo poderá abrir novas turmas e se dedicar ainda mais à iniciativa. O trabalho que ele realiza no Jiu-jítsu com Tato é totalmente voluntário, mas vem prejudicando a obtenção de renda pelo professor, já que os treinos ocorrem em horário comercial. “Tem muita procura, mas não temos espaço. Precisamos ampliar o tatame. Durante os treinos, muitos alunos acabam saindo do tatame ou se esbarrando. Também pretendo usar as doações para inscrevê-los em competições”, comentou.
Danilo teve a ideia de ensinar o jiu-jítsu para pessoas com deficiência visual justamente por se tratar de um esporte de contato e proximidade. Nascido em Brasília, quando ainda morava na cidade natal, ele teve a oportunidade de ser monitor de um aluno sem visão e acabou desenvolvendo uma didática para que a “arte suave” possa ser repassada a esse público. “Primeiro eu faço a posição e peço para que eles tateiem onde está a mão, o pé. Também friso o nome de cada golpe e movimento. Assim, eles vão memorizando e já sabem do que se trata nas próximas aulas. Depois eu faço a posição em cada um. Só é preciso um pouco mais de paciência”, contou.
O principal objetivo do Jiu-jítsu com Tato é usar o esporte como ferramenta de inclusão. Para isso, o professor já conseguiu, junto à Secretaria de Educação do Governo de Pernambuco, uma lista de escolas onde ele pode divulgar o trabalho para receber ainda mais alunos. Daí a importância de ampliação do espaço. “Desde que o projeto começou, eu estou correndo atrás de apoio. Já procurei muitas pessoas ligadas à iniciativa pública, à iniciativa privada. Também já conversei como os três grandes clubes de futebol daqui em busca de parceria. Todos elogiam o projeto, dizem que verão o que vão fazer e fica nisso”, lamentou.
DOAÇÕES
Para apoiar o Jiu-jítsu com Tato, basta acessar o link www.catarse.me/jiujitsucomtato. As doações podem ser feitas a partir de R$ 20. De acordo com o valor cedido, a pessoa que ajudar ganha recompensas, como adesivos, nome na lista de agradecimentos que será publicada na fanpage da iniciativa e um certificado digital de apoiador. A campanha ficará online até o dia 25 de maio e é do tipo flexível. Nesse formato, o realizador da campanha recebe todos os recurso doados, independente de bater a meta.