A crise financeira do Sport ganhou um novo capítulo. Sem ver perspectiva de pagamento de ao menos um dos três meses de salários em atraso, e com os resultados recentes dentro de campo não rendendo bons “bichos” (premiação pela metade nos empates contra Fluminense e Vitória, e nenhuma na derrota para o Flamengo), os jogadores rubro-negros tomaram a iniciativa de procurar o Sindicato dos Atletas Profissionais de Pernambuco para pedir uma ajuda financeira.
A ideia foi de solicitar a antecipação do valor relativo ao direito de arena, que está previsto no artigo 42, inciso primeiro, da Lei 9.615 (a Lei Pelé). Nela diz que: “cinco por cento da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza civil”.
Normalmente, o pagamento do direito de arena é efetuado pelo sindicato ao final da temporada. Porém, diante da situação adversa do clube leonino, o órgão aceitou atender o pedido dos atletas do Sport. “Os jogadores falaram dos salários atrasados, da falta de dinheiro no clube. A Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol) envia uma parte ao final do primeiro turno e outra no final do campeonato. Juntamos tudo e pagamos aos atletas de uma vez, em dezembro. Mas, diante da dificuldade do Sport, eles pediram para receber logo a quantia do primeiro turno”, explicou Ramón Ramos, presidente do Sindicato dos Atletas de Pernambuco, em entrevista à Rádio Jornal.
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Ainda de acordo com o dirigente da entidade, cada jogador do Sport recebe um valor fixo de R$ 2.700,00 líquido por partida (caso entre em campo). Quem mais atuou no primeiro turno foi Fellipe Bastos, presente em 18 jogos. Só na primeira parte da Série A, o volante tem direito a receber R$ 48.600,00.
Como os atrasos no clube da Praça da Bandeira chegaram aos três meses, os jogadores já podem entrar na Justiça ou pedir, junto ao sindicato, que o Sport seja notificado - correndo o risco de perder pontos na Série A. Mas, segundo Ramón, os atletas declinaram desse direito. “Eles não quiseram que o sindicato notificasse e nem pensam em fazer greve”, falou.
BOLSO VAZIO
Dos 11 titulares do Sport, três deles não receberam nenhum salário desde que chegaram ao clube - os últimos a serem contratados: os volantes Marcão e Jair, e o atacante Mateus Gonçalves. Além deles, o técnico Milton Mendes também ainda não foi pago. Todos, vivendo dos “bichos”, quando têm.
BOLSO CHEIO
Por outro lado, sete jogadores do elenco rubro-negro recebem parte dos salários de outros clubes - ainda com vínculo. Caso de Ernando, Cláudio Winck, Andrigo e Léo Ortiz (50% dos vencimentos são pagos pelo Internacional); Michel Bastos, o Palmeiras arca com 2/3 do salário do meia-atacante; Fellipe Bastos, R$ 300 mil do Corinthians; além de Rafael Marques, o Cruzeiro acertou um acordo com o atleta para rescindir seu contrato de forma amigável, desde que o clube mineiro pagasse parte do seu salário.