O técnico Milton Mendes concedeu, nesta sexta-feira (7), uma entrevista exclusiva para a reportagem do SJCC. O treinador fez uma avaliação do seu trabalho à frente do Sport, revelou que foi procurado pela chapa de Milton Bivar para permanecer no clube, mas que o seu destino em 2019 não será na Ilha do Retiro. O agora ex-comandante do Leão também comentou sobre os atrasos salariais e garantiu que eles não influenciaram dentro de campo.
Confira os principais trechos da entrevista:
AVALIAÇÃO
Eu faço uma avaliação muito boa. Coloco os números em cima da mesa. Nesses 12 jogos fizemos uma pontuação de quinto lugar. Lançamos jogadores jovens, da base, que são ativos do clube e podem dar seguimento e serem vendidos... Adryelson e Maílson. Também subimos Jadson, Marlom, Elias. Então faço uma avaliação positiva. Infelizmente não conseguimos o nosso objetivo, mas a entrega de todos foi imensa e conseguimos fazer da equipe de jogadores, diretores e torcedor uma grande família. Fico extremamente feliz, pois dei o meu melhor no dia a dia, com dedicação e entrega total.
PERMANÊNCIA
Interesse sempre deixei claro que queria ficar no Sport. Tive uma conversa com Milton Bivar e com seus diretores na última quarta-feira, eles me deixaram uma excelente impressão, com uma conversa agradável. Eles ficaram de me fazer uma proposta em dois dias, mas recebi um telefonema que me informaram que eles (a chapa de Bivar) não me fizeram uma proposta porque além de terem outros nomes na lista, também estavam em dúvida se eu era um treinador de Série B. Hoje (sexta) pensei melhor e chamei um dos diretores aqui no hotel. Como gosto do clube, se eles acham que não sou treinador para a Série B, tirei deles o compromisso comigo e deixei todos à vontade para acertar com quem quisesse. Que naquele momento estava me colocando de lado, pois o mais importante para mim é que o Sport vá bem e suba. Que os diretores tenham convicção o que querem. Adoro o clube e vejo isso como um gesto de ajuda. Se não tenho o perfil, que fiquem à vontade para procurar alguém com o perfil que desejam. Tenho objetivos, até quinta à noite era o Sport, mas depois que senti essa insegurança, tomei a decisão de seguir em frente. Importante que todos entendam que vou seguir torcendo pelo Sport. Vou torcer para que possam subir e traga alegria ao seu torcedor.
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IMPRESSÃO
Eu tive uma impressão ainda melhor do que já tinha. Um dia volto ao Sport e vou fazer essa torcida feliz, pois ela só teve alguns momentos de felicidade. Prazer enorme de trabalhar aqui. Entrar em campo e ver a Ilha do Retiro lotada cantando o Cazá, Cazá, foi arrepiante. Tive uma sinergia muito grande com o torcedor. Por isso, essa minha saída não é um adeus, mas um até já. Minha relação com o Sport ficou forte. Construímos uma empatia muito boa. Todos os jogadores fora espetaculares. Uma pena o nosso final de campeonato. Mas, fizemos a nossa parte, só que dependíamos dos outros e não conseguimos. Saio com a certeza que o Sport é muito maior do que eu pensava.
ATRASOS
Vocês (imprensa)sentiram algum jogador que tirou o pé ou que correram menos? Então, não foi isso. A equipe não caiu nesses últimos 12 jogos. Antes, pode até ter sido (que os atrasos salariais tenham pesado em campo). Não estava aqui pra afirmar. Mas desde o momento que estive aqui, não foi. Porque mudamos o foco. Tanto que reagimos. Até aquele momento o time não virada os jogos, e conseguimos contra o Internacional. Levamos três gols do Grêmio e ganhamos lá em Porto Alegre. O nosso foco não era o dinheiro. Era ganhar e evitar que o Sport caísse para a Série B. Garanto que não foi o dinheiro. Como os outros trabalhavam ou faziam, eu não dizer. Sei quando entrei junto com Laércio (Guerra, vice de futebol) e Aluísio (Maluf, diretor de futebol), nada disso foi colocado na frente. Fomos gerindo com o grupo porque mostramos que, o que estava em contrato, eles iam receber em algum momento, mas a mancha de uma queda de divisão não apaga. É lógico que nos preocupava com o jogador que estava com problema. E o clube estava lá para ajudar. Quando eles (jogadores) nos traziam algum problema, a gente levava para a direção e tentava resolver. Mas, resolver R$ 400 mil é bem diferente do que R$ 3 milhões, que foi o que um diretor injetou no clube. Quem faz isso hoje em dia. Então, garanto que houve entrega de todos.