Quando não é possível evitar os criadouros, eliminá-los passa a ser a melhor estratégia contra a dengue, uma vez que ainda não há vacina disponível no mercado. As fases iniciais de formação do Aedes aegypti (ovos, larva e pupa) são vantajosas para o ataque contra ele. É que pode atingir uma aglomeração enorme de futuros mosquitos, ensina a bióloga Alice Varjal, pesquisadora do Laboratório de Entomologia da Fundação Oswaldo Cruz no Recife. “Na fase adulta, machos e fêmeas são alados, vão se dispersar no ambiente e dificultar as ações de controle”, justifica.
Há dez dias, o Instituo Oswaldo Cruz (outra unidade da Fiocruz, no Rio de Janeiro), lançou o livro Dengue: teorias e práticas. São mais de 400 páginas elaboradas por 36 autores que desvendam vários aspectos, inclusive as faces do Aedes.
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O ciclo de vida dessa muriçoca pode se completar em 15 ou no máximo 30 dias. Daí existirem tantos mosquitos e eles proliferarem com tamanha facilidade nas casas e bairros. Em 83 das 185 localidades de Pernambuco (184 municípios e o Arquipélago de Fernando de Noronha) mais de 3,9% dos imóveis estavam infestados, segundo levantamento feito pela saúde pública em março deste ano. Isso significa altíssimo risco de a população adoecer. Mais de 30 mil pessoas já tiveram sinais da virose de janeiro a abril, com dor no corpo, na cabeça, febre e manchas avermelhadas na pele em grande parte dos casos.
A temperatura e a umidade são variantes importantes no desenvolvimento de novas gerações de Aedes aegypti. Em média, após a eclosão do ovo, o mosquito ganha a forma adulta em um período de dez dias. Daí a orientação das vigilâncias ambientais para que semanalmente usemos 10 minutos do tempo para buscar e eliminar prováveis focos, seja lavando reservatórios d’água, escoando a água de calhas, fechando ralos e recolhendo todo o lixo exposto.
A desova ocorre de preferência em depósitos com água limpa e parada. Os ovos, de tamanho muito inferior ao de uma formiga (0,4 milímetro de comprimento), são colocados nas paredes do criadouro, próximo à superfície da água. Podem resistir a longos períodos de seca, até 450 dias. Mas em condições favoráveis de umidade e temperatura, forma-se o embrião em 48 horas. Em contato com a água, passa às formas de larva e pupa, para depois ganhar asas e viver até 30 ou 40 dias.