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Parada LGBT de SP pede a realização de novas eleições presidenciais

Neste ano, a Parada adotou como tema o combate ao "fundamentalismo religioso"

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Publicado em 18/06/2017 às 12:14
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Milhões de pessoas se reuniram neste domingo (18) na avenidas Paulista e Consolação de São Paulo para exigir um verdadeiro Estado laico na tradicional Parada do do Orgulho gay.

Com o slogan "Independente de nossa crenças, nenhuma religião é lei. Todas e todos por um Estado laico", a 21ª edição do desfile, um dos maiores do mundo na defesa da comunidade LGBT.

“Nossos principais inimigos hoje são os fundamentalistas religiosos", explicou Cláudia Santos Garcia, diretora da associação que promove o defile no portal da organização.

"Espero que o governo brasileiro se posicione neste ponto e garanta os nossos direitos, não só o ganho de direitos, mas mantê-los e que não virem moeda de troca com as bancadas fundamentalistas", disse Tainá Brigante, que há cinco anos consecutivos comparece ao evento.

Segundo a Associação do Desfile do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo (Apoglbt SP), o fator religião incide de forma clara na tomada de decisões econômicas e políticas no Brasil.

"É uma grave ameaça à cidadania e à democracia constitucional brasileira o fato de integrantes dos Três Poderes, em qualquer nível, atuar tendo como guia seus valores religiosos, sem observância à cidadania, à pluralidade e aos direitos humanos", afirmou a ONG em um comunicado.

"O Brasil é laico só na teoria porque na prática a bancada religiosa no congresso argumenta sempre com a religião", opinou Marcos Brogna, vestindo a bandeira do arco-íris e uma cora de flores.

A luta por igualdade da comunidade LGBT rendeu frutos no Brasil. Cirurgias para mudança de sexo em hospitais públicos, adoção de crianças por casais formados por cônjuges de mesmo sexo, casamento civil, direito a benefícios por parte do parceiro e licença maternidade para os pais são algumas das conquistas obtidas nos últimos dez anos.

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Milhares de pessoas participaram da Parada da Diversidade - Foto: AFP
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A irreverência tomou conta das fantasias - Foto: AFP
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No entanto, os projetos de leis de identidade de gênero e para caracterizar a homofobia como um crime há anos esperam no Legislativo.

"É uma alegria vir aqui porque esse é o único lugar em que realmente a gente pode se libertar", desabafou Mirella Andrade, uma mulher trans de 20 anos do interior de São Paulo.

Segundo um relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais, o Brasil ocupa o primeiro lugar em número de homicídios na comunidade LGBT na região, somando 340 mortes por homofobia em 2016.

As calçadas da avenida Paulista, repletas de gente, ficaram intransitáveis. Fadas, anjos, vedetes e policiais ocupavam cada espaço do asfalto.

A cada minuto os caminhões de som, 19 no total, avançavam, fazendo a multidão gritar e dançar.

A cantora Daniela Mercury, que levanta a bandeira do movimento desde que em 2013 tornou pública sua relação com uma jornalista, foi aplaudida. A estrela do funk Anitta colocou todo mundo para dançar e Naiara Azevedo emocionou o público com letras sobre homens infiéis.

Colorido, atrevido e provocador, o desfile do orgulho gay movimenta ainda milhões de reais em São Paulo.

Cálculos de edições anteriores indicam que quase a metade dos participantes são do interior do país que gastam, cada um em média, 1.500 reais durante a visita.

A manifestação esta ano também será marcada pela crise política que o país atravessa, com a exibição de cartazes e coros pedindo "Fora Temer".

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