Saúde

Venezuelanos se acorrentam em hospital para exigir remédios a crianças

Cerca de 20 pais de crianças transplantadas, ou em diálise, se acorrentaram em frente a um hospital de Caracas para exigir do governo medicamentos

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Publicado em 20/02/2018 às 18:43
Foto: Federico Parra / AFP
Cerca de 20 pais de crianças transplantadas, ou em diálise, se acorrentaram em frente a um hospital de Caracas para exigir do governo medicamentos - FOTO: Foto: Federico Parra / AFP
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Cerca de 20 pais de crianças transplantadas, ou em diálise, se acorrentaram nesta terça-feira (20) por várias horas em frente a um hospital de Caracas para exigir do governo medicamentos para seus filhos. 

"Por favor, ajudem-nos, nem eu, nem meus amigos queremos morrer", implorou Carlibeth Falcón, de 11 anos, ao lado de seu pai, acorrentado ao hospital JM de los Ríos.

O homem denunciou que sua filha, trasplantada em 2016, está há dois dias sem tomar o medicamento que evita a rejeição a um rim doado. 

"Que não venham dizer que isso é um show midiático", declarou à imprensa Carlos Falcón. Sua filha carregava um cartaz com a frase: "Ajuda, meu rim e minha vida estão em risco por falta de imunossupressores". 

Promessas

Os pais foram recebidos por autoridades de saúde que prometeram normalizar o abastecimento em duas semanas, indicou Falcón, lembrando que vários pacientes da ala de nefrologia morreram no ano passado no JM de los Ríos.

Até aqui neste ano, sete transplantados morreram por rejeição aos órgãos, segundo Francisco Valencia, da ONG Codevida.

Outros nove perderam o transplante e voltaram à diálise, enquanto 30 enfrentam esse risco. 

Estima-se que 3.500 transplantados "não têm acesso a imunossupressores", dos 16 mil pacientes renais do país, afirmou o ativista. 

Além da falta de medicamentos para pacientes crônicos - cujo fornecimento é de responsabilidade do Instituto de Previdência Social -, houve o fechamento de 35 das 129 unidades de diálise, destacou Valencia. 

A escassez de medicamentos para doenças de alto custo chega a 95%, enquanto a de essenciais, como hipertensivos, é de 85%, segundo a Federação Farmacêutica. 

O desabastecimento de insumos médicos chega a 85%, de acordo com várias ONGs, que pedem ao governo para recorrer à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). 

O presidente Nicolás Maduro, que recusa a oferta de países como Colômbia de habilitar um canal humanitário de abastecimento de remédios, defende que seu governo se esforça para continuar a subsidiar tratamentos de alto custo, apesar da grave crise econômica. 

Maduro afirma que a situação se agravou com as sanções financeiras movidas pelos Estados Unidos. 

Em 30 de janeiro, ele aprovou o uso de 12,3 milhões de euros para adquirir medicamentos hemoderivados, insumos para bancos de sangue, cateteres e reagentes para máquinas de diálise.

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