Dois cidadãos brasileiros que exerciam ilegalmente a medicina em um hospital perto de Buenos Aires foram denunciados por usurpar durante meses a identidade de dois profissionais da mesma nacionalidade, informou o hospital.
Além disso, outros quatro médicos, também brasileiros e funcionários do hospital Dr. Angel Marzetti, foram afastados e são investigados pela Justiça após denúncia feita por uma vereadora de Cañuelas, a uma hora de Buenos Aires, onde fica o centro de saúde.
Durante nove meses, Felipe Nori fingiu ser médico acolhido na Universidade de Morón, na qual tinha estudado. Usando identidade, matrícula e diploma de um colega, também brasileiro, conseguiu que o hospital Marzetti o contratasse em agosto do ano passado para cobrir plantões clínicos.
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Em abril deste ano, o falso médico iniciou os trâmites para se casar com sua namorada. Foi então que se constatou que parte da documentação que ele apresentou não era fidedigna. Quando solicitado que apresentasse os documentos originais, abandonou o hospital e nunca mais voltou.
O caso fez soar o alerta entre as autoridades do conselho deliberativo de Cañuelas e os encarregados do hospital, que iniciaram uma investigação interna que incluiu o congelamento de salários de todo o quadro de funcionários até a apresentação da documentação em dia, bem como a inscrição no conselho de medicina.
Foi quando detectaram o segundo caso. Uma mulher chamada Thais Soares Costa atuou como médica no mesmo hospital, usando a identidade de outra brasileira, segundo o hospital.
Além disso, foram encerrados os contratos de outros quatro médicos brasileiros "por não ter apresentado a documentação correspondente", informou o hospital em um comunicado.
Denunciados
Agora, respondem por uso de identidade falsa, fraude, falsificação de documento público, exercício ilegal da medicina e usurpação de títulos e honrarias.
O caso motivou a demissão do titular do hospital e os falsos médicos foram denunciados à Justiça pela vereadora Elizabet Romero, que se valeu de uma informação obtida pelo sindicato de Trabalhadores Municipais.
"Para contratar um médico é feita uma entrevista pessoal com documentação. É impossível que a pessoa que se ocupava de contratar estes médicos não tenha comprovado que a fotocópia que ele apresentava não era de seu rosto", disse Romero ao jornal Clarín.
Diana Barcia, administradora do hospital, afirmou que outros municípios também poderiam ter sido enganados.
Em outro comunicado, o centro de saúde informou que "foi revisada toda a papelada pessoal de cada um dos profissionais" e verificou-se que estão atuando com matrículas e requerimentos em dia.