A Anistia Internacional lançou, nessa quarta-feira (10), a edição 2018 de sua principal campanha mundial por direitos humanos. Neste ano, a "Escreva por Direitos" ("Write for Rights") tem como tema o respeito e a solidariedade às mulheres, e destaca Marielle Franco, a vereadora do PSOL do Rio de Janeiro assassinada em 14 de março no centro da cidade. Ela será uma das dez mulheres cujos casos serão expostos durante a campanha.
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A "Escreva por Direitos" destaca que a discriminação, o abuso, a intimidação e a violência afetam de forma desproporcional as mulheres e, em particular, as mulheres que se posicionam publicamente na sociedade. Nesse contexto é exposto o caso de Marielle, reconhecida defensora de direitos humanos no Rio, cujo assassinato ainda não foi esclarecido.
"Sete meses após o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes (motorista que transportava a vereadora e também foi morto), é fundamental que continuemos firmes exigindo respostas, pressionando para que os verdadeiros responsáveis sejam identificados e levados à Justiça", afirmou Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil.
"A história de vida de Marielle, dedicada à defesa de direitos humanos, agora se junta à história de mulheres de outros nove países que lutam incansavelmente por um mundo mais justo. Queremos que estas mulheres sejam apoiadas e que estes exemplos inspirem ainda mais as pessoas a lutar por direitos", continuou Jurema.
Marinete da Silva, mãe de Marielle, sentiu-se lisonjeada pela homenagem à filha.
"Fico feliz de saber que a vida de minha filha vai servir de exemplo para as crianças do Brasil e do mundo. Marielle sempre liderou processos transformadores na escola, na igreja, nos projetos em que participou, sempre com o pensamento de ajudar o próximo, acreditando que a organização coletiva de base solidária poderia transformar o mundo", disse Marinete. "Ao fazer pelo outro, ela se sentia bem. Esperamos que mais pessoas sejam assim e lutem como a minha filha pelos direitos humanos."
Campanha
Nove casos expostos na campanha da Anistia Internacional são de mulheres ativistas, e o décimo é de uma comunidade no Quênia onde as mulheres estão sendo expulsas de suas terras ancestrais. Além de Quênia e Brasil, há casos da Ucrânia, Marrocos, Venezuela, África do Sul, Quirguistão, Irã, Índia e Vietnã.
Entre as mulheres que serão símbolos da campanha, só Marielle está morta. As demais seguem atuando em seus países, muitas em situação de risco, segundo a Anistia. A campanha pretende mobilizar o mundo todo em apoio a estas ativistas e suas causas, dando visibilidade mundial a elas.
A campanha vai durar cinco meses, deste 10 de outubro até 8 de março de 2019, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. O projeto vai mobilizar apoiadores da Anistia Internacional, profissionais da educação e grupos de ativismo para realizar atividades que variam de aulas temáticas em escolas até eventos públicos em praças e outros locais públicos. A programação será divulgada pelo site "Escreva por Direitos".
Escreva por Direitos
A primeira edição dessa campanha aconteceu em 2001, quando um pequeno grupo de ativistas da Anistia Internacional na Polônia decidiu apostar quem escreveria o maior número de cartas pela libertação de pessoas presas injustamente em diversos países. A iniciativa durou 10 dias e gerou milhares de cartas que ajudaram a pressionar as autoridades.
Nos anos seguintes, a campanha tomou proporção mundial, agregou elementos de educação em direitos humanos e se tornou a campanha mais importante da Anistia Internacional e o maior evento de direitos humanos do mundo.
Todos os anos, a organização seleciona casos de pessoas e comunidades vítimas de violações de direitos humanos ou em risco iminente de sofrer violações, em todo o mundo, e convida apoiadores e ativistas a se mobilizar por esses casos. Atendendo à convocação, pessoas planejam e realizam diversas atividades, mobilizando suas comunidades a escrever cartas manifestando solidariedade e pressionando autoridades por justiça.