Em mensagem a seus colegas da magistratura federal, via intranet, o juiz Sergio Moro sugeriu a eles que "continuem dignificando a Justiça, com atuação independente, mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça".
Moro assume em janeiro o comando da Justiça, que vai ganhar status de superministério, acumulando áreas sensíveis do governo, como a Controladoria-Geral da União e uma fatia do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), além de puxar de volta a Polícia Federal, junto com o Ministério da Segurança.
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"Da minha parte, sempre terei orgulho de ter participado da Justiça Federal e os magistrados terão sempre o meu respeito e admiração", escreveu Moro.
Nesta segunda-feira (5), ele já abandonou a Operação Lava Jato, por meio de ofício dirigido ao corregedor do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. Moro entrou em férias.
Ao aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o superministério, Moro deixa para trás 22 anos de toga.
No texto endereçado a seus colegas da Justiça Federal, ele diz que sua saída "foi uma decisão muito difícil, mas ponderada".
"Em Brasília, trabalharei para principalmente aprimorar o enfrentamento da corrupção e do crime organizado, com respeito à Constituição, às leis e aos direitos fundamentais", compromete-se.
Ele diz aos colegas que pretende seguir os passos do juiz Giovanni Falcone - assassinado pela máfia italiana em 1992. "Lembrei-me do juiz Falcone, muito melhor do que eu, que depois dos sucessos em romper a impunidade da Cosa Nostra, decidiu trocar Palermo por Roma, deixou a toga e assumiu o cargo de Diretor de Assuntos Penais no Ministério da Justiça, onde fez grande diferença mesmo em pouco tempo. Se tiver sorte, poderei fazer algo também importante."
Leia a mensagem de Moro
"Prezados colegas magistrados federais,
A todos que me endereçaram congratulações aqui, meus agradecimentos.
Foi uma decisão muito difícil, mas ponderada.
Em Brasília, trabalharei para principalmente aprimorar o enfrentamento da corrupção e do crime organizado, com respeito à Constituição, às leis e aos direitos fundamentais.
Lembrei-me do juiz Falcone, muito melhor do que eu, que depois dos sucessos em romper a impunidade da Cosa Nostra, decidiu trocar Palermo por Roma, deixou a toga e assumiu o cargo de Diretor de Assuntos Penais no Ministério da Justiça, onde fez grande diferença mesmo em pouco tempo. Se tiver sorte, poderei fazer algo também importante.
Da minha parte, sempre terei orgulho de ter participado da Justiça Federal e os magistrados terão sempre o meu respeito e admiração. Continuem dignificando a Justiça com atuação independente (mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça).
Abs a todos,
Sergio Fernando Moro"