Justiça

MP diz que João de Deus é foragido; Polícia Civil negocia rendição

João de Deus é acusado de cometer mais de assédio sexual em mais de 330 vítimas

Da redação com Estadão Conteúdo
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Da redação com Estadão Conteúdo
Publicado em 15/12/2018 às 14:48
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
João de Deus é acusado de cometer mais de assédio sexual em mais de 330 vítimas - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A força tarefa do Ministério Público do Estado de Goiais, que atua no caso de Abadiânia, publicou nota neste sábado considerando o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, foragido. O órgão afirma que a decisão de deu pela negativa das buscas nos endereços onde possivelmente João poderia estar e o término do prazo de 24 horas para que ele se entregasse espontaneamente à polícia.

"Assim, poderá ser preso por qualquer autoridade policial brasileira ou estrangeira, com auxílio da Interpol, caso saia do país. O mandado de prisão está inserido no BNMP", afirma o MP em nota.

O delegado geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida, que lidera as negociações com a defesa do médium, disse acreditar que ele não está em Goiás. O advogado de defesa de João de Deus assegurou que ele deverá se entregar, mas não disse quando.

Uma das possibilidades é de que integrantes da Polícia Civil sejam encaminhados até o local onde o médium está para que a prisão preventiva seja formalizada. A intenção de advogados é preservar a imagem do cliente. Uma vez preso, ele seria levado para Goiânia, onde faria o interrogatório. "Será longo, detalhado. Há um grande número de relatos e informações que precisam ser questionadas", afirmou o delegado geral. Para o MP, são pequenas as chances de que ele se entregue neste sábado

João de Deus foi visto em público pela última vez nesta quarta, quando visitou a Casa Dom Inácio de Loyola, onde faz os atendimentos. Em um pronunciamento de poucos minutos, disse ser inocente e estar a disposição da Justiça.

Desde que a prisão preventiva foi realizada, a Polícia Civil afirma já ter procurado o médium em mais de 20 endereços. Na casa dele de Goiás, no entanto, as buscas não foram feitas. Os endereços já investigados estão sob sigilo. "Há pontos que também estão sendo vigiados", disse o delegado geral.

Assédio Sexual

A Força Tarefa montada para investigar as denúncias de abuso sexual que teriam sido cometidas pelo médium já reuniu mais de 330 relatos em vários Estados do País. Mulheres que se dizem vítimas também se apresentaram em seis países. João de Deus atende cerca de 10 mil pessoas por mês, das quais 40% são estrangeiras. Os abusos teriam sido cometidos depois do atendimento espiritual feito pelo médium.

As mulheres relatam que, depois do atendimento em grupo, eram convidadas para uma consulta individual, onde os abusos seriam cometidos. O Ministério Público afirma ainda que quatro funcionários são suspeitos de ter envolvimento nos crimes.

A mulher de João de Deus, Ana Keila Teixeira, apareceu há pouco em público, durante uma festa de distribuição de brinquedos para criança carentes de Abadiânia e pediu que todos rezem para que a verdade prevaleça. A festa de distribuição de brinquedos é realizada todos os anos. É um dos acontecimentos de Abadiânia, cidade a 112 quilômetros de Brasília, patrocinados pelo médium. Um toldo é estendido em frente da casa do líder espiritual, brinquedos são dispostos na rua. Depois do almoço, há distribuição de bonecas, bolas e outros brinquedos.

Todos os anos, cerca de 2 mil pessoas participam do evento. Na edição deste ano, no entanto, a movimentação está muito abaixo da média. Há, neste momento, cerca de 200 pessoas no local, a maioria crianças. Ana Keila não deu entrevistas.

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