As zonas urbanas vivenciaram em escala mundial uma multiplicação das ondas de calor nos últimos 40 anos, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira.
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Entre 1973 e 2012, quase a metade (48%) das 217 aglomerações estudadas passaram por um aumento dos dias muito quentes, e dois terços delas de noites também de muito calor.
Este agravamento das ondas de calor se acelerou nos últimos anos, segundo este estudo publicado pelo jornal britânico Environmental Research Letters: "entre os cinco anos em que foram registrados o maior número de ondas de calor aparecem 2009, 2010, 2011 e 2012".
Neste estudo, uma onda de calor é definida como um período de ao menos seis dias durante o qual a temperatura máxima supera 99% das temperaturas registradas em todo o período.
Ao mesmo tempo, sempre em zonas urbanas, este trabalho mostra uma queda das ondas de frio (as mais importantes datam de 1973, 1974, 1976, 1981 e 1983) e em 60% delas os dias com ventos violentos também diminuíram.
Por sua vez, apenas 17% das zonas urbanas registraram um aumento dos dias de fortes chuvas, e 10% das de caráter torrencial.
"Mais da metade da população mundial vive atualmente em cidades, razão pela qual é particularmente importante entender como o clima, e em especial os episódios climáticos extremos, mudam nestas zonas", explica um dos autores do estudo, o professor Vimal Mishra, do Instituto de tecnologia de Gandhinagar, Índia.
Mishra e seus colegas das universidades americanas de Califórnia (Los Angeles), Washington e Boston (Northeastern University) utilizaram para seu trabalho observações meteorológicas do NCDC (National climatic data center).
O estudo envolve 217 zonas urbanas de mais de 250.000 habitantes divididas em todos os continentes, que contam com estações meteorológicas capazes de fornecer dados completos sobre 40 anos, entre 1973 e 2012.
No âmbito do Quinto Relatório de Avaliação, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) declarou no ano passado que era provável que as ondas de calor já tivessem se tornado mais frequentes na Europa, Ásia e Austrália, embora não tenha feito diferenciação entre zonas urbanas e rurais.
O IPCC informou que é muito provável que as ondas de calor se tornem comuns e durem mais tempo no futuro, com grandes consequências para a saúde, os negócios e o planejamento urbano.
Cidades que são vulneráveis a ondas de calor são vítimas frequentes de um fenômeno chamado de ilha de calor urbano.
Isso ocorre porque o calor que atinge estes locais é armazenado durante o dia em edifícios de concreto e estradas asfaltadas e liberado à noite.
Como resultado, transforma facilmente a cidade em uma ilha de calor durante 24 horas por dia, já que ela não esfria adequadamente com o anoitecer.