O presidente sul-africano, Jacob Zuma, conseguiu escapar de uma moção de censura votada nesta terça-feira pelo Parlamento, onde a oposição o acusou de ter destruído o legado de Nelson Mandela.
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Durante a tumultuada sessão, Mmusi Maimane, líder do principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), foi forçado a retirar da moção a palavra "ladrão" para descrever Zuma, um adjetivo considerado contrário à etiqueta da Assembleia.
Maimane não poupou o presidente, acusando-o de "roubar o dinheiro do povo" ao gastar cerca de 19 milhões de euros em uma residência privada, sob pretexto de "medidas de segurança". Uma piscina, um anfiteatro, um estábulo e um viveiro para aves foram construídos na casa com recursos públicos.
Nelson Mandela "nos deu um vislumbre do que uma África do Sul não-racial e unida poderia ser. Era um líder altruísta que encarnou o sonho democrático", disse ao Parlamento o líder da oposição. "Mas em seis anos de mandato de Zuma, o sonho de Mandela foi destruído".
Maimane também acusou Zuma de ter neutralizado as instituições para tentar escapar de "783 acusações de fraude, corrupção e extorsão", que foram arquivadas pouco antes de sua ascensão à presidência, em 2009.
"Ele é um presidente que está disposto a violar todas as leis para escapar da prisão", insistiu.
A esmagadora maioria do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder há 20 anos, permitiu a derrota da moção de censura proposta por Maimane por 221 votos contra e 113.
A aprovação da moção de censura implicaria na demissão do governo.
O "Nkandlagate", batizado com o nome da residência de veraneio do chefe de Estado - Nkandla - domina o cenário político sul-africano desde 2013.
Zuma foi reeleito em 2014 para um segundo mandato de cinco anos.