Palestinos e israelenses se acusaram mutuamente na ONU, nesta quinta-feira (22), de estarem na origem de seu conflito: enquanto os primeiros denunciaram a colonização israelense, os últimos responderam que são os palestinos que não reconhecem o Estado hebreu.
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Enquanto essa troca de acusações acontecia, as tensões subiam na Síria, e a arena diplomática da ONU continuava seu esforço desesperado para pôr fim à violência.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira que "este conflito não é pelos assentamentos (israelenses na Cisjordânia ocupada), nunca foi", como havia acusado minutos antes, na mesma tribuna, seu homólogo Mahmud Abbas.
"Sempre foi pela existência do Estado judeu", garantiu Netanyahu na Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Em seu discurso, imediatamente anterior ao de Netanyahu, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, garantiu que os "planos expansionistas" de Israel destroem "qualquer possibilidade de uma solução de dois estados".
"Aqueles que acreditam em uma solução de dois Estados devem reconhecer ambos os Estados, e não apenas um deles", acrescentou Abbas.
Em sua resposta, Netanyahu rebateu: "o coração do conflito é o seguinte: a persistente negativa dos palestinos de reconhecer o Estado judeu em qualquer fronteira".
"Esse conflito nunca foi sobre os assentamentos, ou sobre estabelecer um Estado palestino", disse o premiê.
"Sempre foi sobre o Estado judeu", insistiu.
No mês passado, Washington disse estar "profundamente preocupado" com o anúncio de que Israel havia aprovado a construção de 463 casas para colonos judeus na Cisjordânia ocupada.
Combates em Aleppo
O dia na ONU foi mais uma vez marcado pelos esforços da comunidade internacional pelo cessar-fogo na Síria, que havia sido negociado há uma semana por Estados Unidos e Rússia e que naufragou na segunda-feira (19).
Hoje, violentos combates foram registrados nos bairros da periferia de Aleppo, enquanto os principais países envolvidos no conflito sírio tentavam alcançar uma nova trégua.
Irã denuncia os EUA
Em seu discurso, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, instou os Estados Unidos a respeitarem sua parte do acordo nuclear firmado no ano passado entre as grandes potências e a República Islâmica.
"A falta de respeito (do acordo) por parte dos Estados Unidos há vários meses é uma abordagem equivocada que deve ser retificada imediatamente", declarou em plenária, na Assembleia.
O pacto permitiu a eliminação de algumas sanções internacionais impostas ao Irã em troca do compromisso de Teerã de limitar seu programa nuclear ao setor civil e de não desenvolver armas atômicas.
Desde que entrou em vigor, porém, e apesar da eliminação das sanções, Teerã acusa Washington de pressionar os grandes bancos para que não trabalhem no Irã.
Antes de desembarcar em Nova York, Rouhani havia visitado Venezuela - onde participou da Cúpula dos Não Alinhados - e Cuba.
O Irã é um dos atores centrais no conflito sírio. Em janeiro deste ano, Irã e Arábia Saudita romperam suas relações diplomáticas como resultado das crescentes tensões bilaterais.