Uma trégua de 48 horas começou neste sábado (19) no Iêmen, proposta pela coalizão árabe dirigida pela Arábia Saudita que atua na guerra civil iemenita desde março de 2015 e respeitada pelos rebeldes huthis.
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Pouco antes das 9H00 GMT (7H00 de Brasília), horário do início do cessar-fogo, os rebeldes huthis, que controlan a capital Sanaa e outras grandes regiões do Iêmen, anunciaram que devem respeitar a trégua.
Os rebeldes respeitarão a trégia "se a outra parte a respeitar", afirmou o general Sharaf Loqman, porta-voz militar da rebelião citado pelo site insurgente sabanews.net.
O anúncio surpreendente da coalizão aconteceu após o fracasso de uma trégua mediada pelos Estados Unidos, que deveria ter entrado em vigor na quinta-feira, por conta da rejeição do presidente iemenita Abd Rabbo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita.
"Aconteceram pressões internacionais para uma trégua e um reinício das negociações de paz", declarou uma fonte próxima ao presidente Hadi, que tem o apoio da coalizão árabe.
Depois do fracasso da iniciativa do secretário de Estado americano John Kerry, os combates haviam se intensificado em todas as frentes de batalha da guerra, que devasta o país há quase 20 meses.
A trégua será prolongada se os rebeldes huthis e seus aliados aceitarem a entrega de ajuda humanitária em cidades cercadas como Taez, sudoeste do Iêmen, afirma o comunicado da coalizão divulgado pela agência de notícias oficial saudita SPA.
O Iêmen, país mais pobre da península arábica, está sendo destruído por combates entre o grupo do presidente Hadi, apoiado pela coalizão árabe, e os rebeldes xiitas, os huthis aliados do ex-presidente iemenita Ali Abdallah Saleh.
A trégua foi decidida após um pedido do presidente iemenita reconhecido internacionalmente - instalado em Riad - em uma carta enviada ao rei Salman da Arábia Saudita.
"Esta é uma adesão aos esforços da ONU e da comunidade internacional para restabelecer a paz no Iêmen", anunciou a coalizão.
"As forças da coalizão respeitarão o cessar-fogo", destaca o comunicado, que ao mesmo tempo adverte que a coalizão responderá se as tropas rebeldes leais ao ex-presidente Saleh fizerem o menor movimento militar durante a trégua.
A coalizão exige, segundo o comunicado, que os rebeldes enviem uma delegação à "comissão de desescalada e coordenação" criada pela ONU e com sede em Dharhran, sul da Arábia Saudita, para supervisionar a trégua.
O bloqueio naval e aéreo imposto pela coalizão seguirá em vigor e os aviões prosseguirão com as missões de vigilância, de acordo com a nota oficial.
Os insurgentes haviam aceitado a iniciativa de paz proposta por Kerry, que se reuniu com os negociadores rebeldes em Mascate, capital de Omã.
A iniciativa de Kerry previa, além de uma trégua, a formação de um governo de união nacional até o fim do ano.
Desde quinta-feira, mais de 50 pessoas morreram em confrontos entre rebeldes huthis e as forças governamentais na região de Taez.
Os huthis, uma minoria que se considera abandonada pelo poder central do presidente Hadi, assumiu o controle de Sanaa e de outras partes do país em 2014, forçando a fuga do presidente Hadi.
Coalizão militar árabe
Em março de 2015, a Arábia Saudita assumiu o comando de uma coalizão militar árabe para tentar expulsar os rebeldes.
O conflito deixou mais de 7.000 mortos e quase 37.000 feridos, de acordo com a ONU.