Reino Unido

Justiça obriga premiê britânica a ter aprovação para o Brexit no Parlamento

Suprema Corte britânica também rejeitou que o Governo precise consultar Escócia, Gales e Irlanda do Norte para determinar aprovar o Brexit

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Publicado em 24/01/2017 às 9:14
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Suprema Corte britânica também rejeitou que o Governo precise consultar Escócia, Gales e Irlanda do Norte para determinar aprovar o Brexit - FOTO: Daniel LEAL-OLIVAS / AFP
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A Suprema Corte britânica rejeitou nesta terça-feira a apelação do governo e decidiu que o Parlamento precisa autorizar o início do divórcio com a União Europeia.

"A Suprema Corte decide que o governo não pode ativar o Artigo 50 (do Tratado Europeu de Lisboa) sem uma lei do Parlamento autorizando-o", afirmaram os juízes da máxima instância judicial, que rejeitaram, por sua vez, que Escócia, Gales e o Ulster possam vetar, como pretendiam, a ruptura com Bruxelas.

Os demandantes que haviam levado o caso aos tribunais saudaram a decisão como "uma vitória para a democracia e o Estado de direito", disse um de seus advogados, David Green. 

O governo, por sua vez, expressou sua "decepção" com a decisão, que resolve desfavoravelmente o recurso que havia apresentado a uma sentença anterior da Alta Corte, disse o procurador-geral, Jeremy Wright.

"O governo cumprirá com a sentença da Corte, e fará o necessário para aplicá-la", prometeu Wright.

Prazos mantidos

A primeira-ministra, Theresa May, prometeu ativar o artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa - porta de saída do bloco - até março, dando início a dois anos de negociações para acordar os termos do divórcio, e nesta terça-feira reiterou que os prazos estão mantidos, apesar da sentença.

"Os britânicos votaram a favor de abandonar a UE, e o governo executará este veredicto, ativando o Artigo 50 (do Tratado Europeu de Lisboa), como estava planejado, no fim de março. A sentença de hoje não muda isso", disse um porta-voz de May.

Agora, o governo terá que apresentar ao Parlamento uma lei para regular os passos seguintes no processo.

Não se espera que o Parlamento - onde os pró-europeus são maioria - impeça a ativação do artigo 50, porque isso seria visto como um golpe à vontade popular expressada no referendo de 23 de junho, mas os problemas podem surgir mais adiante, quando poderia fazer exigências sobre os termos da separação, num momento em que a sociedade britânica está dividida entre romper totalmente com a UE para controlar a imigração ou seguir no mercado único.

Espera-se que o ministro do Brexit, David Davis, compareça ainda nesta terça-feira no Parlamento para explicar a postura do governo e inclusive apresentar uma proposta de lei para regular a intervenção do legislativo nas negociações.

"O Parlamento é soberano"

A principal demandante no caso, a diretora de um fundo de investimentos chamada Gina Miller, comemorou a decisão judicial.

"Apenas o Parlamento pode conceder direitos aos britânicos e só o Parlamento pode retirá-los", disse Miller à imprensa ante a Suprema Corte.

"Nenhum primeiro-ministro ou governo pode esperar não ser questionado ou interpelado, apenas o Parlamento é soberano", acrescentou.

"A sentença de hoje significa que os deputados que nós elegemos terão a oportunidade de fornecer sua valiosa experiência para ajudar o governo a escolher o melhor desenlace para as negociações".

Em uma entrevista à AFP dias antes da sentença, Miller disse que sua derrota significaria voltar "atrás 400 anos".

"Se um governo agisse assim", sem consultar o Parlamento, "criaria um precedente. Dá para imaginar? Qualquer primeiro-ministro poderia tomar decisões no futuro fechado em um gabinete com quatro ou cinco ministros".

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