Um homem atacou uma patrulha militar com um facão e ao grito de "Alá é grande" nesta sexta-feira perto do Museu do Louvre, em Paris, antes de ser gravemente ferido pelo disparo de um soldado, uma agressão que o primeiro-ministro francês afirmou ser de "caráter terrorista".
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O soldado atacado ficou levemente ferido no couro cabeludo, enquanto o agressor foi ferido na barriga e está em estado grave, informou o chefe da polícia de Paris, Michel Cadot.
"Após verificar o conteúdo de duas mochilas que ele carregava em suas costas, constatamos que não havia explosivos", afirmou.
Esta agressão em um local turístico emblemático da capital francesa "é visivelmente um ataque terrorista", disse o primeiro-ministro, Bernard Cazeneuve. "É preciso ser prudente", contemporizou, citando um "contexto de forte ameaça extremista islâmica" na França, atingida por uma série de ataques jihadistas sem precedentes nos últimos dois anos.
Entre 2015 e 2016, 238 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em ataques extremistas em território francês. Vários desses ataques ou tentativas visaram militares ou policiais.
Consequência direta, o turismo diminuiu consideravelmente no último ano em Paris e em particular na França. A agressão no Louvre acontece no mesmo dia que a prefeitura parisiense lança oficialmente a sua campanha para sediar os Jogos Olímpicos de 2024.
O ataque aconteceu às 7h00 no horário de Brasília na entrada da turística galeria do Carrousel do Louvre, que dá acesso ao museu mais frequentado do mundo.
De acordo com o chefe da polícia, o agressor, "armado com pelo menos um facão, e talvez com uma segunda arma, correu em direção à patrulha de quatro homens", fazendo ameaças e gritando "Allah Akbar" (Deus é grande em árabe).
Um militar reagiu e disparou cinco tiros, atingindo o estômago do agressor.
Segundo uma fonte militar, um dos soldados tentou em um primeiro momento controlar o agressor, em vão.
Além do agressor, uma segunda pessoa "de comportamento suspeito" foi detida, segundo Cadot, que se mostrou prudente quanto a sua participação no ataque.
Patrulhas diárias
A Procuradoria antiterrorista de Paris abriu uma investigação por "tentativas de assassinatos agravados em relação com um grupo terrorismo e associação terrorista criminosa".
"Acredito ter se tratado de um ataque de uma pessoa que tinha um desejo claro de agredir, que era evidentemente ameaçador e que proferia palavras sugerindo que queria fazê-lo em um contexto terrorista", indicou o comissário da polícia.
O público que estava no museu no momento do ataque, cerca de 250 pessoas, foi mantido afastado e confinado em uma parte do museu segura, segundo Cadot.
A área ao redor do museu, que atrai todos os dias milhares de visitantes, foi isolada pela polícia, constatou um jornalista da AFP.
As estações de metrô nos arredores foram fechadas.
Todos os candidatos à presidência reagiram ao ataque com homenagens unânimes às forças de segurança. Cerca de 3.500 militares patrulham diariamente as ruas da capital.
França vive em um regime excepcional de estado de emergência
A França está sob o regime excepcional de estado de emergência desde os ataques em novembro de 2015 (130 mortes) em Paris, e soldados patrulham diariamente as ruas e locais turísticos da capital.
Atingida duas vezes em 2015 por ataques extremistas sem precedentes, a França vive com medo de novos ataques, apesar de um aparato de segurança drasticamente reforçado.
O grupo Estado Islâmico, que tem perdido terreno no Iraque e na Síria, onde proclamou um califado em 2014, ameaça regularmente a França, em retaliação à participação do país na coalizão militar internacional que combate os extremistas nos dois países.
O EI também defende ataques contra os "infiéis" sempre que possível e tenta exportar para a Europa, graças aos extremistas que retornam da Síria, com um mandato para conduzir operações em solo europeu.