Oriente Médio

Trump abandona compromisso dos EUA com dois Estados para paz no Oriente Médio

Em um afastamento histórico da política americana sobre o tema, Trump reiterou que "poderia viver" com solução de um ou dois Estados para o Oriente Médio

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Publicado em 15/02/2017 às 19:40
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Em um afastamento histórico da política americana sobre o tema, Trump reiterou que "poderia viver" com solução de um ou dois Estados para o Oriente Médio - FOTO: SAUL LOEB / AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abandonou nesta quarta-feira (15) o compromisso tradicional dos Estados Unidos com uma solução de dois Estados para resolver o conflito no Oriente Médio entre israelenses e palestinos.

Em uma coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Trump disse que seu governo poderá aceitar a criação de dois Estados, mas também a de um único, se as duas partes estiverem de acordo.

Em um afastamento histórico da política americana sobre o tema, Trump reiterou que "poderia viver com qualquer uma das soluções".

"Por muito tempo, pensei que a solução de dois Estados era a mais fácil. Mas, honestamente, se Israel e os palestinos estão felizes, eu estou feliz com o que eles preferirem", declarou o presidente republicano.

Em mensagem direta a seu interlocutor, Trump afirmou que gostaria de "ver da parte de vocês [o governo israelense] mais contenção com os assentamentos. Vamos buscar uma saída porque gostaria de que chegássemos a um acordo".

O presidente americano afirmou que "os israelenses vão ter que mostrar alguma flexibilidade, o que não é fácil. Terão que mostrar que realmente querem um acordo de paz".

Trump destacou, porém, que "os palestinos têm que se despir um pouco do ódio que ensinam desde a tenra idade. Eles ensinam muito ódio. É algo que eu tenho visto".

Trump também criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) por considerar que tratou de "forma muito, muito injusta" quando o Conselho de Segurança aprovou no fim de dezembro uma resolução que condenou os assentamentos israelenses.

O presidente republicano revelou que continua mantendo a possibilidade de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. A ideia é fortemente criticada pelos palestinos.

Reações

Na terça à noite (14), uma fonte do alto escalão do governo americano afirmou que Washington não iria mais insistir na solução de dois Estados.

"Isso é algo que eles deverão resolver. Nós não vamos ditar quais serão os termos da paz", disse a fonte.

A explosiva declaração significou um giro na Política Externa americana e provocou uma onda de reações em todo o mundo, nesta quarta, antes da visita do premiê Netanyahu à Casa Branca.

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse categoricamente que "se deve fazer todo o possível para preservar" a possibilidade de uma saída de dois Estados.

Instantes mais tarde, a França - membro permanente do Conselho de Segurança da ONU - disse, por intermédio de seu embaixador François Delattre, que o compromisso de seu país com a solução de dois Estados "é mais forte do que nunca".

Em Ramallah, nos Territórios Palestinos, Hanan Ashraui, um dirigente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), comentou que a nova posição americana "carece de sentido".

Washington "está tentando satisfazer a coalizão extremista de Netanyahu", afirmou.

Outro alto funcionário palestino, Saeb Erekat, denunciou que a declaração se propõe a "eliminar o Estado da Palestina", antecipando que um eventual Estado único não será necessariamente um Estado judaico.

A única alternativa a uma solução de dois Estados, disse Erekat, é "um simples Estado democrático que garanta os direitos de todos: judeus, muçulmanos e cristãos".

Já a ala mais extrema do governo israelense cantou vitória.

"Uma nova era. Novas ideias (...) Grande dia para os israelenses e os árabes razoáveis. Felicitações", tuitou o líder do partido nacionalista e religioso Lar Judaico, Naftali Bennet.

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