As baleias-jubarte recém-nascidas e suas mães sussurram umas às outras para escapar de potenciais predadores, disseram cientistas nesta quarta-feira (26), revelando a existência de uma técnica de sobrevivência desconhecida até então.
"Elas não querem nenhum ouvinte indesejado", disse à AFP a pesquisadora Simone Videsen, autora principal de um estudo publicado na revista científica Functional Ecology.
"Os predadores potenciais, como as orcas, poderiam ouvir suas conversas e usar isso para localizar o filhote e predá-lo".
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As baleias são conhecidas por seus chamados barulhentos, quando reúnem companheiros do seu grupo. Baleias-jubarte macho também emitem sons reverberantes para atrair as fêmeas durante a época de acasalamento.
Mas esta é a primeira vez que os cientistas observaram uma forma única e íntima de comunicação entre as mães e seus filhotes.
Pesquisadores da Dinamarca e da Austrália acompanharam oito baleias bebês e duas mães por 24 horas no golfo de Exmouth, Austrália Ocidental, um terreno fértil para baleias-jubarte antárticas buscando águas mais quentes para acasalar e dar à luz.
Usando etiquetas anexadas aos animais, a equipe de cientistas registrou seus guinchos e grunhidos fracos.
"Esses sinais entre a mãe e o filhote são mais silenciosos do que os das baleias-jubarte comuns adultas", disse Videsen, observando que eles eram 40 decibéis mais baixos do que o canto dos machos na área.
Enquanto o grito de um macho pode ressoar sobre uma área de vários quilômetros, os pares no estudo só conseguiam ouvir os chamados um do outro dentro de uma distância de menos de 100 metros, acrescentou.
Os sons baixos foram detectados quando os pares estavam nadando, sugerindo que o tom discreto ajuda os mamíferos a permanecer juntos nas águas turvas de reprodução, infestadas de orcas atacando filhotes perdidos.
Poluição sonora marinha
Os sons fracos são também uma maneira de impedir que os machos que buscam companheiras interfiram na nutrição do animal, um momento crucial na vida do recém-nascido, conforme ele se prepara para uma árdua viagem de 8.000 quilômetros de volta para a Antártica, estimaram os pesquisadores.
E a migração não é menos desafiadora para a mãe.
"Não há comida para eles nas áreas de reprodução, então as mães fazem um banquete enquanto estão lá", disse Videsen.
Os pesquisadores também acreditam que mãe e filhote - em seu esforço para passar despercebidos - podem ter desenvolvido um método silencioso para iniciar a amamentação.
Em vez de sinalizar a fome vocalmente e arriscar ser descoberto, o filhote "se esfrega em sua mãe", de acordo com o estudo.
As baleias-jubarte podem ser encontradas no Ártico e na Antártica. Cada grupo passa o verão nos polos e viaja para áreas tropicais em seus respectivos hemisférios durante o inverno para se reproduzir.
A investigação científica também lançou luz sobre o crescente problema da poluição sonora no oceano, que pode prejudicar gravemente a vida marinha.
"Como a mãe e o bezerro se comunicam por sussurros, o ruído do transporte pode facilmente mascarar esses chamados silenciosos", provocando potencialmente a separação do par, disse Videsen.