Greve de fome

Palestinos e soldados israelenses entram em confronto na Cisjordânia

Em apoio aos prisioneiros em greve de fome, palestinos se manifestam e enfrentam soldados israelenses nesta sexta-feira (28) Cisjordânia ocupada.

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Publicado em 28/04/2017 às 16:01
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Em apoio aos prisioneiros em greve de fome, palestinos se manifestam e enfrentam soldados israelenses nesta sexta-feira (28) Cisjordânia ocupada. - FOTO: Foto: AFP
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Palestinos e soldados israelenses se enfrentaram nesta sexta-feira na Cisjordânia ocupada durante a jornada semanal de mobilização dedicada aos prisioneiros em greve de fome.

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Os palestinos iniciaram na quinta-feira uma greve em solidariedade para com os 1.500 detentos em greve de fome há 12 dias nas prisões israelenses, um movimento sem precedentes, segundo os organizadores.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), única organização internacional autorizada a visitar os detentos palestinos nas prisões israelenses, anunciou que foi capaz de ver alguns grevistas.

Alguns, como o líder Marwan Barghuthi, condenado à prisão perpétua, encontram-se em um "perigoso" estado de saúde, asseguraram autoridades e defensores dos direitos humanos palestinos.

Durante nove dias, o CICV não teve acesso aos prisioneiros, contudo, "no décimo primeiro dia, nossas equipes (...) puderam se encontrar com centenas de palestinos detidos em duas prisões israelenses", indicou à AFP o porta-voz do CICV, Jesús Serrano Redondo. "O objetivo é visitar todos nos próximos dias".

O Clube dos Presos Palestinos, ONG responsável pela questão dos prisioneiros nos territórios ocupados, informou em um comunicado que os grevistas sofreram "maus tratos", bem como a imposição de multas para quebrar o movimento.

O tema os presos é crucial para os palestinos. Cerca de 850.000 palestinos, no total, foram presos desde 1967 e a ocupação dos Territórios palestinos, segundo seus dirigentes.

O movimento foi convocado por Marwan Barghuti, líder preso do Partido Fatah do presidente Mahmud Abbas.

Os cerca de 1.300 palestinos em greve de fome, segundo a Autoridade Palestina, pertencem a todos os movimentos políticos palestinos, do Fatah e de Barghuthi, aos partidos de esquerda, passando pelo Hamas islamita que saudou os "valentes prisioneiros" grevistas.

Administração penitenciária israelense

Esta greve de fome pretende "acabar com os abusos" da administração penitenciária israelense, indicou Barghuthi, em uma coluna enviada ao jornal americano The New York Times a partir de sua prisão de Hadarim, no norte de Israel.

Como represália, foi colocado em isolamento em outra prisão. Barghuthi cumpre cinco penas de prisão perpétua por sangrentos atentados cometidos durante a segunda Intifada (2000-2005).

Os prisioneiros pedem, entre outras coisas, telefones públicos nas prisões, direitos de visita ampliados, o fim das "negligências médicas" e do regime de isolamento, assim como o acesso a canais de televisão e a ar-condicionado.

Israel afirmou que não negociará com os grevistas, afirmando que "a convocação de greve de fome é contrária ao regulamento" da prisão, segundo o ministro israelense da Segurança Interior, Gilad Erdan.

Neste sexta-feira, Khaled Meshal, chefe do Hamas, declarou que é "fundamental estar unidos na causa de nossos presos".

Diariamente são organizadas manifestações que por vezes terminam em confrontos. Nesta sexta-feira foram registrados incidentes violentos nas imediações de assentamentos em Ramallah, Hebron (sul da Cisjordânia) e no norte da Cisjordânia.

Segundo o Crescente Vermelho palestino, oito palestinos ficaram feridos.

Entre os 6.500 palestinos atualmente detidos em Israel figuram 62 mulheres e 300 menores de idade. Cerca de 500 deles estão sob o regime extrajudicial da detenção administrativa que permite uma detenção sem processo nem acusação. Além disso, também há 13 deputados palestinos presos.

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