Os Estados Unidos adiaram nesta terça-feira (9) uma reunião para decidir seu papel no esforço internacional contra as mudanças climáticas, uma decisão que deixou frustrados os delegados de todo o mundo reunidos em Bonn para aplicar o Acordo de Paris.
Diante das dúvidas de Washington, o presidente chinês, Xi Jinping, voltou a se comprometer, nesta terça-feira (9), a "defender" o acordo junto com o presidente eleito da França, Emmanuel Macron.
A China e a França "devem manter sua comunicação e sua coordenação sobre as questões internacionais e regionais (...) e defender as conquistas da governança mundial, incluindo o Acordo de Paris sobre o clima", ressaltou Xi Jinping, citado pela televisão pública CCTV.
O presidente americano, Donald Trump, ainda tem que informar se Washington se retirará do acordo, como havia prometido durante a campanha eleitoral.
Em Bonn, onde os 196 signatários do acordo estão reunidos, os negociadores esperavam o resultado da reunião prevista para esta terça-feira (9), antes de um alto funcionário da Casa Branca confirmar o seu adiamento sem previsão de data.
A reunião de Bonn, que começou na segunda-feira (8) e será concluída na próxima quinta-feira (11), deveria servir para estabelecer as regras de aplicação do Acordo de Paris.
Este pacto ambicioso tem o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Segundo os cientistas, esta limitação é a única que pode evitar os impactos climáticos mais graves, como o aumento do nível do mar, as grandes secas ou as tempestades em grande escala.
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Um total de 195 países mais a União Europeia assinaram o acordo em dezembro de 2015, após anos de negociações, que tiveram o ex-presidente americano Barack Obama como um dos principais artífices.
"É importante que os grandes países, que são também grandes emissores [de gases de efeito estufa], como Estados Unidos e China (...), deem o exemplo", disse Obama nesta terça-feira em Roma.
EUA abandonarão o acordo?
Mas Trump prometeu, durante sua campanha eleitoral, que "cancelaria" o acordo. Posteriormente, disse que tomaria uma decisão sobre a questão antes da cúpula do G7, que será realizada nos dias 26 e 27 de maio na Sicília.
O subsecretário de Estado americano para Assuntos Ambientais Internacionais, David Balton, disse na segunda-feira que a decisão será tomada "nas próximas duas semanas".
Os delegados reunidos em Bonn temem que os Estados Unidos, o segundo maior emissor do mundo, depois da China, se retirem do acordo e o coloquem em risco.
Em uma das sessões realizadas na segunda-feira, muitos delegados repetiram que o acordo não pode ser renegociado, como havia pedido o secretário de Energia de Trump, Rick Perry.
No mesmo sentido, Masud Rezvanian, porta-voz de um grupo que reúne países em desenvolvimento, entre eles China e Índia, disse que o acordo "tem que ser cumprido e não pode ser renegociado".
Em Bonn, o delegado americano, Trigg Talley, nomeado na época de Obama, não quis comentar o adiamento da decisão de Washington.
"Estamos concentrados em conseguir que nestas reuniões não se tomem decisões que prejudiquem nossas políticas futuras, minem a competitividade dos negócios americanos ou dificultem nosso objetivo principal, de fomentar o crescimento e a prosperidade nos Estados Unidos", disse à AFP um porta-voz do Departamento de Estado.
Muitos temem que uma mudança de posição dos Estados Unidos afete o entusiasmo dos demais signatários em relação aos objetivos de redução de emissões.
Em Bonn, os países têm dez dias para elaborar um "manual" sobre o Acordo de Paris, que juridicamente já entrou em vigor, e cujas disposições, muito gerais, devem ser especificadas antes do final de 2018.
As ilhas Fiji presidirão, em novembro de 2017, a próxima grande cúpula sobre o clima, a COP23, que por motivos de logística se realizará em Bonn, sede da Convenção sobre o Clima.