Apesar de intensa oposição da Turquia, aliada dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente Donald Trump aprovou o fornecimento de armas para combatentes curdos da milícia Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo) para apoiar a retomada da cidade síria de Raqqa do Estado Islâmico (EI), disseram ontem (10) autoridades dos EUA. As informações são da agência Reuters.
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O governo de Ancara se opõe à medida porque vê o papel da milícia YPG como uma extensão síria do grupo militante curdo do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que tem conduzido uma insurgência no sudeste da Turquia desde 1984. O PKK é considerado um grupo terrorista por EUA, Turquia e Europa.
O Pentágono imediatamente buscou destacar que vê o fornecimento de armas para as forças curdas “como necessário para garantir uma vitória clara” em Raqqa, capital de fato do Estado Islâmico na Síria e um centro para planejamento dos ataques do grupo contra o Ocidente. A YPG disse que a decisão de Washington trará resultados rápidos e irá ajudar a milícia a "desempenhar um papel mais forte, mais influente e mais decisivo no combate ao terrorismo".
“Estamos muito cientes das preocupações de segurança da Turquia, nossa aliada da Otan. Queremos reafirmar ao povo e ao governo da Turquia que os EUA estão comprometidos em prevenir riscos adicionais de segurança e proteger o país”, disse a porta-voz do Pentágono Dana White, em comunicado, enquanto viajava na Lituânia com o secretário de Defesa de Trump, James Mattis.
Turquia alerta para resultado adverso
Apesar das ressalvas americanas, a Turquia alertou os EUA nesta quarta-feira (11) que sua decisão de armar forças curdas que combatem o EI na Síria pode acabar prejudicando Washington, e acusou seu aliado da Otan de se alinhar aos terroristas.
A reação ocorre uma semana antes de uma visita do presidente turco, Tayyip Erdogan, a Washington para seu primeiro encontro com Trump, que aprovou o envio das armas em apoio a uma campanha que visa retomar a cidade síria de Raqqa do EI.
O governo deAncara teme que os avanços das YPG no norte sírio incentivem a atuação do PKK em solo turco. “Já aconteceu de armas fornecidas às YPG irem parar nas mãos do PKK”, afirmou o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu. "Tanto o PKK quanto as YPG são organizações terroristas", disse ele em uma coletiva de imprensa.
"Queremos acreditar que nossos aliados irão preferir se alinhar a nós, não a uma organização terrorista", afirmou o presidente Erdogan em uma coletiva de imprensa em Ancara, dizendo que irá expressar a posição da Turquia a Trump na próxima semana e em uma cúpula da Otan no final deste mês.
Ele disse esperar que decisões tomadas recentemente sejam alteradas a tempo antes de sua visita a Washington. Mais cedo, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, havia dito aos repórteres que a incapacidade dos EUA de pesar as sensibilidades da Turquia "certamente terá consequências e irá produzir um resultado negativo também para os EUA".