Pedro Sánchez, adversário ferrenho do chefe de governo Mariano Rajoy, reconquistou, neste domingo (21), o cargo de secretário-geral do Partido Socialista espanhol - apontam dados oficiais divulgados no site do partido após a apuração de praticamente 100% dos votos.
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Defenestrado do poder há sete meses por uma rebelião de caciques do partido por sua oposição a um novo governo do conservador Rajoy, Sánchez aparece com 50,21% dos votos contra 39,94% para seu principal oponente, a presidente regional da Andaluzia, Susana Díaz.
O terceiro candidato, o ex-presidente do País Basco Patxi López obteve apenas 9,85% dos votos. Com tom conciliador, López convocou: "Amanhã todos juntos com ele (Sánchez) à frente, temos de trabalhar para recuperar para melhor o Partido Socialista".
Com o anúncio dos resultados, militantes entusiasmados começaram a comemorar, aos gritos de "Pedro, Pedro", diante do QG socialista em Madri. De acordo com fontes da campanha de Susana Díaz, ela já telefonou para Sánchez para felicitá-lo pela vitória.
Agora, Sánchez recupera a liderança do principal partido espanhol de oposição, ameaçando a estabilidade do governo de Rajoy.
Sánchez prometeu um giro para a esquerda e um antagonismo frontal contra o líder conservador, inclusive fazendo um pacto com o Podemos - o partido que quer tomar dos socialistas a liderança da esquerda da Espanha.
Até agora, o PP passou várias leis com o apoio do PSOE, mas se este último começar a lhe fazer uma oposição sistemática, o Parlamento pode ver seus trabalhos paralisados. Nesse caso, o país teria de voltar às urnas muito antes do fim da legislatura, em 2020, advertem analistas.
Confirmação
Vitorioso em um pleito com alto índice de participação (80%) dos 188 mil militantes, Pedro Sánchez deve ter seu nome ratificado por um Congresso do partido nos dias 17 e 18 de junho.
"Aqui, eles o mataram, aqui ele ressuscitou", celebrou Juan José Orts, militante socialista desde 1974 que celebrava a vitória de Sánchez na frente da sede do PSOE.
Enquanto os socialistas se ocupavam de definir seu futuro, na sexta-feira (19), o Podemos apresentou uma moção de censura contra Rajoy. Ontem (20), o partido mobilizou uma manifestação no centro de Madri.
Seu líder Pablo Iglesias já reconheceu que "a moção de censura não vai prosperar" no Parlamento, por falta de apoio, mas decidiu apresentá-la como uma "obrigação moral" diante dos escândalos de corrupção do PP e de olho em um "futuro diferente".