Equador

Lenín Moreno se compromete a aprofundar modelo esquerdista no Equador

Ele assume a presidência do Equador com o objetivo de fazer avançar o socialismo do século XXI, seguindo o rastro de Rafael Correa

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Publicado em 24/05/2017 às 10:10
Foto: JUAN CEVALLOS / AFP
Ele assume a presidência do Equador com o objetivo de fazer avançar o socialismo do século XXI, seguindo o rastro de Rafael Correa - FOTO: Foto: JUAN CEVALLOS / AFP
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Lenín Moreno tomou posse como presidente do Equador nesta quarta-feira (24) com o objetivo de fazer avançar o modelo de esquerda conhecido como socialismo do século XXI, seguindo o rastro de Rafael Correa.

Moreno, de 64 anos e que sofre de paraplegia, foi empossado no Congresso unicameral, controlado pelo oficialismo - na presença de uma dúzia de presidentes latino-americanos, entre eles os da Argentina. Bolívia, Colômbia, Chile, Guatemala e Peru.

"Foram dez anos como testemunha da construção de caminhos, pontes, portos e aeroportos (...) dez anos de recuperação da auto-estima e do sentimento de pertencimento dos equatorianos. Este processo tem um nome: revolução cidadã", exclamou Moreno em seu primeiro discurso como presidente.

Formado em Administração Pública, Moreno argumenta que "a paixão pela vida nos obriga a aprofundar as mudanças alcançadas, defender os avanços sociais", conforme estabelece seu programa de governo.

Apoiado pelo temporário boom do petróleo, Correa privilegiou o investimento e a equidade social, mantendo os subsídios ao combustível e à eletricidade durante a década de sua "revolução cidadã", que agora enfrenta dificuldades econômicas.

A dívida externa subiu 150% (para 25,6 bilhões de dólares, 26,3% do PIB) na última década, segundo dados oficiais. A economia encolheu 1,5% em 2016 e o ??preço do petróleo, o principal produto de exportação, caiu de US$ 98 por barril em 2012 para 35 em 2016. No primeiro trimestre deste ano, o preço aumentou para US$ 45 o barril.

Modelo em crise 

O modelo Correa, baseado em um Estado investidor e disciplinador da sociedade, está "em crise" e "requer uma bonança econômica para se sustentar", aponta Pablo Ospina, analista da Universidade Andina Simon Bolívar em Quito.

Para o cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) em Quito, as perspectivas para Moreno "são difíceis, especialmente sobre a situação econômica", que levou o país à recessão nos últimos trimestres.

No entanto, as expectativas das classes mais pobres seguem intactas. "Espero que Lenín me ajude a ter minha casa. Não quero tudo dado, preciso de facilidades para pagar", disse à AFP Trellas Isabel, de 61 anos.

Moreno pretende alcançar uma economia sustentada na eficiência e uma gestão adequada dos recursos, de modo a sustentar a justiça social e equidade fiscal.

O novo presidente anunciou na terça-feira a composição do seu gabinete, integrado por empresários, líderes sociais e funcionários de Correa, como María Fernanda Espinosa e Miguel Carvajal, que serão chanceler e ministro da Defesa, respectivamente.

Moreno, que eliminou seis ministérios coordenadores como o de Política Econômica, entregou a pasta das Finanças a Carlos De la Torre, ex-assessor do Banco Central, e de Hidrocarbonetos a Carlos Pérez, ex-executivo da empresa petrolífera americana Halliburton.

"Este é o momento de renovar os compromissos e enfrentar juntos novos desafios. Vou trabalhar para cada um de vocês", declarou  Moreno ao receber há uma semana a credencial presidencial.

A oposição recuperou terreno na última eleição, aumentando sua presença no Parlamento, onde o governo deixa de ter a maioria qualificada de dois terços para reformar a Constituição. O oficialismo dispõe agora de uma maioria frágil de 74 cadeiras, contra 100 do período 2013-2017.

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