A deputada governista Elisa Carrió pediu nesta segunda-feira (29) à Justiça da Argentina que investigue se Julio de Vido, ministro de Planejamento durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015), recebeu propina da construtora brasileira Odebrecht em licitações de obras públicas. A informação é da Agência EFE.
Em documento apresentado ao promotor Federico Delgado, a parlamentar pediu também uma investigação contra Roberto Baratta, um dos colaboradores mais próximos do ex-ministro. Delgado é o responsável pela investigação de denúncias de superfaturamento na construção de obras públicas em 2008, nas quais a empresa brasileira está envolvida.
Segundo o documento, ao qual a Agência EFE teve acesso, a líder da Coalizão Cívica, aliança da qual faz parte o Mudemos, partido do presidente Mauricio Macri, requer que todas as informações sobre os casos sejam repassados aos juízes e promotores, não ficando apenas com a Procuradoria-Geral da Nação.
A deputada acusou a procuradora-geral da Argentina, Alejandra Gils Carbó, de não garantir a busca da verdade e afirmou ter "fundados temores" de que ela esteja tentando encobrir ou desviar as investigações em andamento.
Além disso, Elisa Carrió sugeriu que a Justiça convoque com urgência todas as pessoas que possam ter informações sobre os ex-servidores citados e outros intermediários. Ela também pede que dados obtidos pelo Brasil nas investigações sobre a Odebrecht sejam compartilhados com a Argentina e outros países da região.
"Não se conhece o alcance dessas informações, nem até onde elas poderão ser de utilidade sem contar com algum tipo de parceria, como a conseguida pelos promotores brasileiros com os norte-americanos em relação à Odebrecht", disse a deputada.
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Sem acordo
No último fim de semana, o ministro de Justiça, Germán Garavano, confirmou que ainda não há acordo com a Odebrecht para que a empresa esclareça o pagamento de propina a servidores públicos e empresários argentinos.
"Nós convocamos a empresa. Eles fizeram uma proposta que estava baseada sobretudo na legislação brasileira e requer a participação do Ministério Público. Do Ministério Público não tivemos resposta até hoje", disse o ministro em entrevista à Rádio Mitre.
A Odebrecht é investigada na Argentina por envolvimento em um esquema de irregularidades e superfaturamento na contratação de empresas por parte da AySA, estatal de distribuição de água e saneamento, para a construção de uma usina de tratamento em 2008.
Funcionários da AySA, como o ex-diretor Carlos Ben, e representantes das empreiteiras, entre as quais a Odebrecht, estão sendo investigados pelas autoridades argentinas. O governo de Macri afirmou que a Promotoria não estava sendo efetiva nas investigações. Por isso, na última terça-feira, o ministro da Justiça se reuniu com os advogados da construtora brasileira.
Outro que está na mira por suspeita de um envolvimento irregular com a Odebrecht é o atual chefe da Agência Federal de Inteligência do país, Gustavo Arribas, no qual a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, afirmou que Macri tem "absoluta confiança". "Ele o conhece há muito tempo, e eles são grandes amigos", afirmou.
"De nenhuma forma estão provadas as informações do dinheiro que teria sido pago a Arribas", afirmou a vice-presidente, em entrevista divulgada ontem pelo jornal El Tribuno de Salta.