Milhares de pessoas reuniram-se neste domingo (11) em Barcelona em defesa a um referendo sobre a independência da Catalunha, que o governo regional pretende organizar no início de outubro, segundo um jornalista da AFP.
Em frente ao palácio de Montjuïc, o ex-técnico do Barcelona FC, Pep Guardiola, grande defensor da independência, leu um manifesto diante do público presente - 30.000 pessoas, de acordo com a prefeitura, e 47.000, segundo fontes a favor da independência - e do presidente da região autônoma, Carles Puigdemont. "Votaremos, ainda que o Estado espanhol não queira [...] Não temos outra saída: a única resposta possível é votar", disse, pedindo o apoio da comunidade internacional contra "os abusos de um Estado autoritário".
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Carles Puigdemont anunciou na sexta-feira (9) que no dia 1º de outubro ocorrerá o referendo, proibido pelo Tribunal Constitucional espanhol, a respeito da independência dessa região de 7,5 milhões de habitantes da região nordeste da Espanha, que têm língua e cultura próprias.
No caso da vitória do "sim", a população a favor da independência pretende iniciar a "desconexão" com a Espanha. O governo espanhol, sob direção do conservador Mariano Rajoy, se opõe a essa votação, e já declarou que não autorizará a sua realização.
"Acredito que a independência é a única saída", declarou à AFP Ramon Fon, aposentado de 67 anos, que participou da concentração, organizada por associações pró-independência.
"Quero o referendo como primeiro passo, e se a minha posição for majoritária, alcançarmos a independência", acrescentou, carregando a bandeira estrelada pró-independência nas costas. De acordo com uma pesquisa de um instituto governamental catalão, mais de 73% dos catalães é a favor de que aconteça um referendo como o ocorrido na Escócia em 2014 em acordo com o governo britânico, opção essa rejeitada por Madri.
Em novembro de 2014, o Executivo da região autônoma organizou uma consulta simbólica, proibida por Madri, quanto a independência: 2,3 milhões de pessoas, de um total de 6 milhões de eleitores em potencial, participaram, e 8 a cada 10 votaram a favor da separação.
Essa ação custou ao anterior presidente da região autônoma, Artur Mas, ser condenado em março a dois anos de inaptidão.