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Tragédia, salvação e solidariedade: dramas nos incêndios em Portugal

Desde o último sábado, incêndios consomem a região central do país e já deixaram mais de 60 mortos

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Publicado em 19/06/2017 às 22:36
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Desde o último sábado, incêndios consomem a região central do país e já deixaram mais de 60 mortos - FOTO: Foto: AFP
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Uma criança morre entre as chamas enquanto seus pais estão em lua de mel, famílias salvas por oportunos reservatórios de água ou pela generosidade do vizinho: os destinos de muitos portugueses mudaram  abruptamente durante o dramático incêndio deste final de semana.   

 Trágica lua de mel

Os pais de Rodrigo, uma criança de 4 anos, se casaram há algumas semanas, saíram de lua de mel e deixaram o filho com os tios, revela o jornal Correio da Manhã. Tomada pelo pânico ao saber do incêndio, a mãe fez um apelo pelas redes sociais a procura do filho, a avó viajou de Lisboa em busca do neto, mas os corpos do menino e do tio estavam calcinados junto a um carro, pegos em meio à fuga desesperada.

 Água milagrosa

Enquanto vários moradores do povoado de Pobrais morriam tentando escapar das chamas pela estrada, a família Ferreira sobreviveu refugiando-se em um pequeno reservatório de água situado próximo à sua casa.

A dona de casa Maria do Céu, 52 anos, seu marido aposentado, 68, e as duas filhas do casal, de 37 e 32 anos, relataram à AFP como dominaram o pânico e conseguiram se salvar em meio ao bosque em chamas.

Durante quanto tempo permaneceram imersos no tanque de água? Difícil de dizer, já que o pavor lhes privou da noção de tempo. Uma hora, segundo a mãe, talvez quinze minutos, acredita uma filha.

"Sabia que se ficássemos na água estaríamos em segurança. Tentamos convencer nossos vizinhos para que ficassem, imploramos, mas se foram" de automóvel e onze morreram na estrada.

 Adelaide e oito náufragos

No sábado, no povoado de Nodeirinho, dois casais em pânico com seus três filhos bateram à porta da casa de Adelaide Silva, viúva de 60 anos, revela o jornal Expresso.

Sua casa, a mais moderna do bairro, não teme às chamas que devoram as demais, uma após outra. Um oásis para esta gente de Lisboa surpreendida pelo incêndio quando voltavam de um almoço com amigos.

Adelaide aceita imediatamente alojá-los. Por volta da meia-noite, uma das vizinhas da mulher bate à porta com os braços e o rosto queimados. Tentou fugir de carro mas as chamas bloquearam seu caminho. O marido morreu na estrada. 

Uma enfermeira refugiada na casa de Adelaide socorre a vítima até a chegada dos socorristas, que a levaram para um hospital.

 Arruinados pelo fogo

Pomar, olivares, horta, caminhonete... Virgilio Godinho e sua mulher, Isabel, perderam para as chamas sua pequena chácara e principal fonte de subsistência, devorada pelas chamas no povoado de Vilas de Pedro.

O casal e sua filha de 18 anos conseguiram escapar porque estavam em outro povoado, participando de um casamento. "Perdemos tudo. Não sabemos o que vamos comer, estou desesperada", disse Isabel, 63 anos, em meio às colinas devastadas.

Mecânico, Virgilio teve suas ferramentas destruídas pelo fogo. "Felizmente não estávamos lá, porque teria tentado salvar minhas coisas e aconteceria o pior".

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