O Catar chamou nesta terça-feira (4) a lista de reivindicações apresentada por seus países vizinhos para acabar com a crise diplomática de "irrealista".
O ministro catariano das Relações Exteriores, xeque Mohamed ben Abdulrahman Al-Thani, declarou em entrevista coletiva que a lista era "irrealista e inaplicável".
"Não é terrorismo. Estamos falando, simplesmente, de acabar com a liberdade de expressão", completou.
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito elaboraram uma lista com suas exigências para uma mudança de política no Catar, acusado de apoiar o extremismo.
Entre as reivindicações dos vizinhos, estão o fechamento do canal Al-Jazeera, o fim de uma base militar turca e a redução das relações com o Irã.
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Na segunda-feira (3), o país entregou sua resposta ao Kuwait, que atua como mediador na crise, mas já havia rejeitado de modo implícito a lista de exigências, por considerá-las uma tentativa de atacar sua soberania.
Nesta terça (4), o ministro não entrou em detalhes, mas assegurou que o Catar busca uma solução através do diálogo para a crise.
"O Estado do Catar adotou uma atitude muito construtiva desde o início da crise. Estamos tentando atuar de maneira adulta", ressaltou.
Neste contexto, o ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes, Anwar Gargash, tuitou que "estamos diante de uma mudança histórica que não tem nada a ver com o tema da soberania".
Segundo ele, o Catar deve escolher "entre preservar (as relações com os vizinhos), ou se divorciar".
Os quatro países árabes romperam relações com o Catar em 5 de junho passado. Os vizinhos acusam Doha de apoiar o "terrorismo" e de uma aproximação com o Irã. Os catarianos rejeitam essas acusações.
Também se adotou uma série de sanções econômicas. O governo dos Emirados considerou, porém, que é "prematuro" falar sobre medidas adicionais contra o Catar.
'Reforçar a posição do Catar'
Os países adversários se reúnem no Egito, nesta quarta-feira (5), para um pronunciamento sobre a resposta do governo de Doha, que não foi revelada.
Além da ruptura das relações diplomáticas, desde 5 de junho, Riad, Abu Dhabi, Manama e Cairo fecham seu espaço aéreo ao Catar.
A Arábia Saudita, grande rival regional do Irã, Bahrein e Emirados pediram aos cidadãos do Catar que abandonassem seus territórios, e Riad fechou a única fronteira terrestre do Catar. A medida obrigou o país a recorrer a Irã e Turquia para suprir as necessidades de alimentos importados por via aérea, ou marítima.
Apesar das sanções, o presidente da Qatar Petroleum (QP), Saad al-Kaabi, anunciou a intenção do país, principal exportador mundial de gás natural liquefeito (GNL) de produzir 100 milhões de toneladas de gás natural por ano até 2024.
"Este novo projeto vai reforçar a posição do Catar", afirmou Al-Kaabi, antes de acrescentar que o país "continuará por muito tempo o líder mundial do GNL".
A atual produção de gás do país alcança 77 milhões de toneladas por ano. Com o aumento anunciado, a produção alcançará o equivalente a seis milhões de barris de petróleo por dia, explicou Al-Kaabi.
De acordo com Al-Kaabi, o aumento da produção acontecerá por meio de uma associação com empresas estrangeiras.
Se a Arábia Saudita e seus aliados impedirem a associação, o Catar trabalhará sozinho no aumento da produção, garantiu o presidente da QP.
Na segunda-feira, o Irã assinou um acordo de US$ 4,8 bilhões para extração de gás, com um consórcio internacional liderado pela empresa francesa Total.
Em abril, a QP anunciou a intenção de aumentar em 10% a produção de sua jazida offshore North Field, que compartilha com o Irã, encerrando uma moratória em vigor desde 2005 à espera de estudos sobre as consequências a longo prazo de uma exploração mais ampla.
O país reservou bilhões de dólares para o desenvolvimento da jazida e Al-Kaabi afirmou em abril que era o momento de acabar com a moratória.
De acordo com o Observatory of Economic Complexity, especializado em comércio internacional, entre 1997 e 2014, o Catar arrecadou US$ 125 bilhões por suas exportações de GNL.