A Faixa de Gaza talvez já esteja "inabitável", advertiu nesta terça-feira Robert Piper, funcionário das Nações Unidas, após uma década de dominação do movimento islâmico Hamas e do bloqueio israelense que paralisa o enclave palestino, afetado pela superpopulação.
Leia Também
Piper, encarregado da ONU para assuntos humanitários nos territórios palestinos, declarou à AFP que todos os "indicadores vão em uma direção ruim", em uma entrevista paralela à publicação de um novo relatório sobre as condições de vida em Gaza.
"Advertimos há alguns anos que Gaza rapidamente ficaria inabitável, levando em conta muitos indicadores, e nesse momento se aproxima ainda mais rápido do que o previsto [em matéria de] acesso a saúde, energia e água", afirmou.
Em um relatório publicado em 2012, a ONU advertiu que o enclave palestino ficaria "inabitável" antes de 2020 caso nada fosse feito para reduzir o bloqueio.
Piper ressaltou o baixo nível do fornecimento de energia no enclave, que nas últimas semanas chegou a duas horas por dia. A assistência médica diminuiu e o desemprego entre os jovens é de 60%.
Nestas circunstâncias, "para a maioria de nós o ponto de não viabilidade já foi superado", ressaltou.
Bloqueio da Faixa de Gaza já dura mais de 10 anos
O movimento islâmico Hamas assumiu o poder pela força em junho de 2007 em Gaza, tomando o controle do território palestino das forças do presidente Mahmud Abas, cuja Autoridade Palestina controla a Cisjordânia ocupada.
O golpe do Hamas levou Israel a impôr um bloqueio na Faixa de Gaza. Seus críticos consideram que o bloqueio castiga indiscriminadamente os dois milhões de habitantes do território.
Desde 2013, o Egito, o outro país com o qual Gaza faz fronteira, bloqueou quase completamente o acesso a esse território e destruiu centenas de túneis de contrabando, que eram um recurso vital para a economia e que o Hamas utilizava para passar armas.
Segundo o novo relatório da ONU, "Gaza - dez anos depois", mais de 95% da água da Faixa de Gaza não é potável.
A Faixa de Gaza é um território estreito de apenas 40 km de comprimento e 10 km de largura, cercado por Israel, Egito e o Mediterrâneo oriental.
Com dois milhões de habitantes, é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo.